Monstros e ETs de Buriti dos Cavalos em Piripiri-Piauí

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O fantástico conjunto de sítios arqueológicos de Buriti dos Cavalos situa-se a sudeste da cidade de Piripiri, rumo à aprazível cidade de Pedro II. A característica marcante do relevo local, de domínio da unidade sedimentar Formação Cabeças é a presença concentradora de estruturas areníticas convexas ou abobadadas, isoladas ou, mais comumente, agrupadas e alongadas, em forma de sequências de cascos de tartarugas.

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RELEVO ARENÍTICO EM FORMA DE CASCO DE TARTARUGA, BURITI DOS CAVALOS, PIRIPIRI.

As cercanias não nos poupam de agradáveis surpresas e ocorrências insólitas em sua cenografia parietal, descritas em nosso pequeno livro “Inscrições Pré-históricas de Piripiri” (1996). Aqui vamos recordar de um irreverente abrigo rupestre inteiramente decorado com figuras de cor preta.

Salientemos que tais figuras são quase todas antropomorfas e multiformes, embora aparentando seres grotescos e disformes, ou, talvez, mitológicos híbridos zoo-antropomórficos. Monstros ou criaturas alucinantes dos tempos pretéritos, que povoavam terrivelmente a psique de nossos antigos brasílicos… 

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O ABRIGO DECORADO COM MISTERIOSAS FIGURAS EM COR PRETA.

Com excelente sentido de composição, as pinturas estão em dois planos do abrigo, um inclinado a uns dois metros do solo, e o outro no teto, a uns quatro metros.

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IMPRESSIONANTES E BIZARRAS PINTURAS PRETAS DE BURITI DOS CAVALOS.

O arenito branco realça fortemente o contraste com as tais figuras pretas, proporcionando ao observador um quadro nítido de movimento, expressão e atividades rituais, com características de estilo divergentes de outros abrigos decorados das redondezas.

Numa cena do painel há um ser humanoide de tronco longo e cabeça esférica, desprovido de pescoço e pernas esqueléticas e compridas, que terminam em pés com dedos finos e longos (em número de quatro). Os braços são curtos e os dedos estão distendidos. A figura tem ainda o falo bastante acentuado. Ao seu lado, outro humanoide, em posição invertida, como se flutuasse no ar está de cabeça para baixo. Esta cabeça não é disforme como a da figura anterior, mas o ser possui também o tronco longo, tendo a sua parte inferior destruída pela descamação da rocha.

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FIGURAS GROTESCAS E DISFORMES.

Acima da primeira figura, ou por trás, dependendo da noção de perspectiva, há um estranho portal ou trave de proporções harmônicas.

Deveras curioso é outro ser antropomorfo, de aspecto bizarro, corpo pequeno e enorme cabeça ovoide, à semelhança dos extraterrestres dos filmes de ficção e dos noticiários sensacionalistas. É impressionante que esta mesma imagem de hoje do sensacionalismo já estivesse presente ali há milhares de anos. Ou talvez não fosse mesmo só uma mera coincidência?

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A SETA ASSINALA O “PEQUENO ET”.

Ao seu lado, duas figuras híbridas parecem se mirar mutuamente, uma de posição frontal, com falo acentuado e proeminente bico (?) e a outra em perfil. Há ainda dois outros seres que parecem executar rituais de cópula ou propiciatório.

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ESTRANHO RITUAL

Este é, sem dúvida, um dos mais curiosos abrigos decorados que temos observado nos últimos anos. Por que, diferentemente dos outros das cercanias, suas figuras foram executadas exclusivamente em cor preta? Por que aqui não prevaleceu ou pelo menos se registrou a quase onipresente cor vermelha do óxido de ferro? O que havia de especial naquelas criaturas grotescas para que recebessem um tratamento cromático diferenciado? Que mensagem hermética estaria implícita naquela estranha expressão artística? Seriam apenas homens mascarados executando seus rituais de magia agrícola ou de caça?

Talvez a suposta deformação fosse oriunda das regras iniciáticas dos antigos piagas, os suprassumos sacerdotes. Ou, quem sabe, aquelas figuras seriam a personificação de incorpóreos elementos mitológicos e de forças incontroláveis da natureza, e ainda de espíritos amedrontadores que povoavam aquele estranho e misterioso bosque…Ou talvez mesmo conheçamos muito pouco de nosso passado…