Chico do Romance: o grande poeta da Literatura de Cordel

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Diariamente pela manhã ele está na Praça do Mercado Municipal de Piripiri onde numa pequena banquinha vende, com o auxílio de um microfone, os seus incontáveis livretos de cordel. Simpático, atencioso e muito conversador, Francisco Perez de Sousa, o Chico do Romance é um dos maiores cordelistas do Nordeste, sendo suas obras estudadas por várias universidades do Brasil, da França, Japão, Holanda e estados Unidos.

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CHICO DO ROMANCE NA SUA LABUTA DIÁRIA NA ÁREA DO MERCADO MUNICIPAL DE PIRIPIRI. 

Nascido no local Retiro, município de Piracuruca-PI, em 01 de abril de 1939, filho de Gerviz Rosa de Sousa e Paulo Pereira Neres, Chico do Romance aparenta uma jovialidade na sua narração diária de seus cordéis e na presteza com que atende seus clientes. Se for entrevista se prepare para passar a manhã toda… É que ele se sente orgulhoso aos extremos de sua obra literária. 

Perdendo a mãe quando tinha apenas um ano de idade, o futuro cordelista foi morar em com a avó materna, a qual também faleceu cedo, quando Chico tinha apenas seis anos. Mais um golpe na vida do pequeno Francisco Perez. Mas sua predestinação lhe reservava um futuro gratificante.

 Sua biografia, que consta em seus “romances” diz:

Pequeno, ajudava seu pai na lavoura, mas logo veio morar em Piripiri, onde começou a cantar folhetos para os amigos, daí surgiu sua paixão pela literatura de cordel, onde descobriu que em si brotava a poesia, morando com sua tia Cecília em Piripiri e cantando nas casas de fazenda. Viajando para Fortaleza, depois com os melhores poetas da época, viajou pelo Piauí, Ceará, Maranhão, Goiás e Pará. Nas estradas de chão tudo isso dos 10 aos 30 anos.

Depois passou uns tempos em Fortaleza-Ceará, onde afirma ter penado muito, sem dinheiro e sem ter onde morar, fazendo bicos para sobreviver. 

Redigindo seus textos fantásticos e sempre cativantes, Chico do Romance estreou como cordelista com 15 anos de idade, e hoje já contabiliza mais de 200 obras editadas. A princípio os cordéis eram impressos pelo tradicional método da xilogravura, ou seja, a matriz de impressão eram chapas de madeira esculpidas. É que as impressões tipográficas eram muito caras nos tempos idos.

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CAPA DE UMA DAS OBRAS XILOGRAFADAS DE CHICO DO ROMANCE.

A partir do início dos anos 1970, com a disseminação do sistema offset, que barateou os custos elevados do sistema tipográfico, Chico do Romance passou a imprimir seus trabalhos na gráfica de Gilberto Mendes (em Campo Maior) e posteriormente, na gráfica do ex-prefeito de Piripiri, Arimatéia Melo. Hoje seus trabalhos são impressos em impressoras de computador.

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EXEMPLAR DE IMPRESSÃO GRAFICAMENTE MODERNA DE CHICO DO ROMANCE

Hoje se insere em sua rica produção de cultura popular vários CDs, onde declama seus versos.

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ALGUNS DOS CDS COM A PRODUÇÃO LITERÁRIA DE CHICO DO ROMANCE

O cordelista casou-se aos 21 Anos de idade com Luzia Pessoa de Sousa, e criou família com nove filhos em Piripiri, onde reside, sempre tendo como trabalho principal a edição e venda de obras de cordel. Mora hoje no bairro piripiriense do recreio.

Com 75 anos completados em primeiro de abril de 2014 e em pleno vigor para escrever e ministrar palestras, Chico do Romance é sempre requisitado para fazer palestras e declamar suas poesias populares em colégios, academias, centros culturais, além de se fazer sempre solícito para entrevistas de jornais, Tvs, sites, etc.

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O SEMPRE SORRIEDENTE E CORDIAL CHICO DO ROMANCE

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UM EXEMPLO NOTÁVEL DA CULTURA POPULAR DE LITERATURA DE CORDEL DO PIAUÍ

Sua biografia acrescenta ainda, dentre tantas homenagens:

Participou de 17 a 21/08/2009 da I Mostra da cultura Popular, realizada na Casa da cultura em Teresina, recebendo a Comenda Fontes Ibiapina. Nos dias 26 e 27 de novembro de 2009, o poeta participou da II Conferência Estadual de Cultura do Piauí, em Teresina, no Clube Atlantic City. Por último, teve ao dia  24 de abril do ano de 2010 outorgado o título de Sócio Honorário da Casa do Padre Freitas, pela ACALPI (Academia de Ciências, Artes e Letras de Piripiri).

Destacam-se, nas suas centenas de obras: História das Sete Cidades e a Deusa da Encantada; Padre Domingos de Freitas e Silva-Fundador de Piripiri; Homenagem ao Piripiri do Século; Pequenos Dados Biográficos de Virgulino Ferreira da Silva-O Lampião; História do Catirina (Lenda de Sete Cidades); As Bravuras de José Pela princesa Franluzia, etc.

Piripiri se orgulha de ter entre seus filhos adotivos um dos maiores nomes da literatura cordelista do Brasil.