A antiga fábrica de cigarros Condor em Teresina

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Até a primeira metade do século XX era comum as cidades maiores possuírem suas próprias indústrias de tabaco. Eram geralmente de porte pequeno e médio e serviam aos mercados locais e até regionais.

A Souza Cruz foi fundada como uma empresa pequena, com apenas 16  funcionários, no Rio de Janeiro em 25 de abril de 1903 pelo jovem imigrante português Albino Souza Cruz (1869-1966), que nesta data passou a produzir os primeiros cigarros enrolados em papel no Brasil.

Mas eram necessários mais recursos e aporte de tecnologia para que a empresa pudesse acelerar seu ritmo de crescimento. E, para atingir esses objetivos, em 1914, Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anônima, passando o controle acionário ao grupo British American Tobacco. Era o início do fim das dezenas de fábricas independentes do Brasil, agonia que se aceleraria a partir dos anos 1950 e culminaria nos anos 1960.

Aqui no Piauí, em Teresina, na Rua Paissandu nº 22 tinha uma destas indústrias. Era a Fábrica de Cigarros Condor, fundada em 1905.

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IMAGEM ANTIGA DA TABACARIA CONDOR. PARECIA TRABALHAR COM POUCOS FUNCIONÁRIOS. FOTO DE AUTORIA DESCONHECIDA, DE DOMÍNIO PÚBLICO E ENVIADA AO SITE TERESINA MEU AMOR POR LALINHA ANDRADE. 

No “Álbum Artístico Commercial do Estado do Piauhy”, editado por Manoel Rodrigues Folgueira em 1910, temos a descrição deste estabelecimento, respeitando a ortografia da época:

FABRICA DE CIGARROS CONDOR. Fundada em 1905. Producção e progressos: em 1905: 10.000 cigarros diários; 1906: 15.000; 1907: 20.000; 1908: 30.000; 1909: 40.000; 1910: 50.000. Marcas principais Condor, Nova Era, Smart (em carteirinhas com chromos) e Deliciosos Amarellos, Bohemios, Predilectos (em maços). Prima na escolha dos fumos. Garante o asseio na fabricação dos seus productos. A maior promptidão em aviar os seus fregueses. Direcção R. Furtado & C. End. Telegr. Irapurús. Rua Payssandú – 22, Therezina, Piauhy.

Nós mesmos não conseguimos identificar onde ficava esta fábrica embora haja a imagem do prédio e o endereço nº 22 da Rua Paissandu o qual aliás, não existe mais. As numerações antigas e atuais são diferentes. Pior: nas atuais há uma confusão de posicionamento e não há uma ordem crescente/decrescente uniforme de numeração por toda a rua.

Pela quantidade de cigarros em 1910, cremos que a fábrica abastecia bem a capital, então com uns 50.000 habitantes. Se 10.000 adultos fumassem seriam cinco cigarros para cada pessoa/dia. Como a maioria esmagadora dos fumantes daquela época ainda fumava era o cigarro de palha (pau-ronca) segue-se que a produção era grande para a população da época.

Observa-se ainda naquela descrição o detalhe dos “chromos coloridos”, figurinhas destinados para brindes nas carteiras de cigarros. Albino Souza Cruz foi pioneiro nesta técnica de marketing, a de colocar dentro dos maços vales depois trocados por prêmios.

Não sabemos também em que circunstâncias ou em que ano a empresa foi fechada.

  • Sobre Albino Souza Cruz

Em 1962, quando se retirou da presidência da já poderosa Indústria Souza Cruz, era dono da maior indústria de fumos da América Latina, a maior contribuinte de impostos no país. Faleceu em 1966, aos 97 anos, de câncer de cólon. Albino nunca fumou.

Fontes: 

Folgueira, M.R. Álbum Artístico Commercial do Estado do Piauhy. Editado em 1910.

Tajra, Jesus Elias & Jesus Filho. O comércio e a indústria no Piauí. Cap. VI de Piauí: Formação, desenvolvimento, perspectivas. Organizado por R.N. Monteiro de Santana. Fundapi, 1995.

http://www.souzacruz.com.br/group/sites/sou_7uvf24.nsf/vwPagesWebLive/DO7V9K2W?opendocument&SKN=2

http://pt.wikipedia.org/wiki/Albino_Sousa_Cruz

http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/jun2001/unihoje_ju163pag06.html