Acima de tudo, o espaço representa um resgate histórico para os moradores daqui do Cacimbão e também das comunidades vizinhas e eu me sito feliz com isso! Francisco das Chagas (Chagah)
Em 2022, comecei a viajar pelo interior da cidade de Luis Correia – Piauí. Famosa pelas suas praias, a cidade também tem uma zona rural surpreendente, com muitos lugares dignos de se fazer um turismo rural. Nestas idas e vindas, conheci lugares inusitados como a Pedra do Sino e três sítios com pinturas rupestres, foram eles: Quicé, Rufo e Maçaranduba. Estas viagens renderam matérias, cujos links estão disponíveis no final deste texto.
Agora em novembro de 2024, a convite do fotógrafo parnaibano Helder Fontenele, conheci mais uma riqueza da zona rural de Luis Correia, trata-se do Sítio Museu Chagah. O espaço fica na localidade Cacimbão, a cerca de 30 km de Parnaíba, sendo 21 km pela BR 402 e em seguida mais 9 km por uma estrada carroçável. A carroçável é acessada a partir da BR 402, na altura da placa para a localidade Brandão.
Ao passar pela estrada carroçável, já observamos este pórtico, o museu está logo adiante. Foto: Helder Fontenele.O imponente espaço, está em uma área verde, com muitos coqueiros e cajueiros. Fotos: F Gerson Meneses.
A estrutura foi montada e é mantida por Francisco das Chagas Araújo Silva, conhecido como “Chagah”. Chagah é um artista plástico e produtor cultural nativo da localidade Cacimbão, filho do Sr. Raimundo e de Dona Dadá, “nascido na parteira” como ele mesmo destaca. Foto: F Gerson Meneses.
O espaço denominado “Sítio Museu Chagah” fica próximo à casa da família. Aqui onde Sr. Raimundo e Dona Dadá, pais de Chagah, descansam na varanda. Foto: F Gerson Meneses.Na visita, além de Helder Fontenele, tive também a companhia de Márcia Arêa Leão, bibliotecária da UFDPar.Aqui uma conversa com Chagah. Diz ele: “sou um ser humano inquieto, buscando soluções tanto para o meio ambiente como soluções internas de amadurecimento e crescimento”. Foto: Helder Fontenele.
De fato, observamos logo na entrada do espaço, que o seu construtor tem sim uma consciência ambiental muito apurada, pois, boa parte dos elementos que compõe o cenário são compostos por objetos reciclados.
Vejamos alguns exemplos:
As paredes do espaço são formadas por garrafas no lugar dos tijolos. Foto: F Gerson Meneses.Na parte externa, velhos potes empilhados e capacetes formam totens. Foto: F Gerson Meneses.Pneus são usados para balanço. Foto: F Gerson Meneses.Velhas estruturas servem como piscina natural e bebedouro para os pássaros. Foto: F Gerson Meneses.Dona Dadá exibe mais uma invenção do filho, um forno criado a partir de peças recicláveis, diz ela: “ele vive inventando coisas”.Chagah exibe com orgulho algumas das suas criações. Foto: F Gerson Meneses.
Chagah já morou em Minas Gerais, Brasília e na época da pandemia veio cuidar dos pais, foi aí que resolveu criar o espaço que ele mesmo denominou de “Sítio Museu Chagah”. Diz ele: “eu já gostava de peças antigas, fui juntando, recebendo outras em doações e organizando aqui no espaço”.
As peças estão espalhadas pelo espaço que também é uma galeria para exposições. É a “Galeria Dadá” em homenagem à sua mãe.
Vejamos algumas das peças:
Potes de barro e cabaças. Foto: F Gerson Meneses.Telefone. Foto: Foto: F Gerson Meneses.Peças de louça. Foto: F Gerson Meneses.Objetos usados por sapateiros. Foto: F Gerson Meneses.Ancoretas. Foto: F Gerson Meneses.Luminárias. Foto: F Gerson Meneses.Candeeiros. Foto: F Gerson Meneses.Discos de vinil. Foto: F Gerson Meneses.Amplificadora. Foto: F Gerson Meneses.Ferro de gomar. Foto: F Gerson Meneses.Antigos celulares. Foto: F Gerson Meneses.Peças diversas. Foto: F Gerson Meneses.Eletrônicos e máquinas de costura. Foto: F Gerson Meneses.Artefatos domésticos. Foto: F Gerson Meneses.Balança. Foto: F Gerson Meneses.Galeria de televisores. Foto: F Gerson Meneses.Artefatos diversos. Foto: F Gerson Meneses.Baús. Foto: F Gerson Meneses.Escritório com mimeógrafo e máquina datilográfica. Foto: F Gerson Meneses.
Além das peças antiquárias, o lugar tem também alguns aspectos curiosos, como:
Essa garrafa com uma cabeça de bode empalhada. Foto: F Gerson Meneses.Um imenso janelão circular no lado oeste. Foto: F Gerson Meneses.Uma cama montada sob troncos de carnaúba. Foto: F Gerson Meneses.
Mas, não é somente o espaço interno que chama a atenção, a área externa ao museu é muito arborizada, com muita sombra de cajueiros e uma grande quantidade de pássaros.
Fotografando pássaros. Foto: Helder Fontenele.Surucuá-de-barriga-vermelha. Foto: F Gerson Meneses.Tico-tico rei cinza. Foto: F Gerson Meneses.Gralha cançã. Foto: F Gerson Meneses.
Para Chagah, o objetivo da manutenção do espaço é receber pessoas, tanto da família, como pessoas externas que gostam desta temática cultural e de museologia, segundo ele: “está se abrindo a possibilidade de utilização do espaço para a realização de eventos, como exposições, por exemplo… o espaço representa um resgate histórico para os moradores daqui do Cacimbão e também das comunidades vizinhas e eu me sito feliz com isso”.
O espaço recebe visitantes constantemente, inclusive alunos para a realização de fotos de formatura, para Chagah: “o impressionante é o encanto das crianças ao se depararem com objetos que elas não conheciam, mas que fizeram parte da vida dos seus avós e parentes mais velhos”.
O agendamento das visitas pode ser feito pelos seguintes contatos: whatsapp: 86 99552-2964 e Instagram: @sitiochagah.Até a próxima…
F Gerson Meneses é natural de Piracuruca – PI, professor de informática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFPI / Campus Parnaíba – Piauí; Pós-Doutorando em Arqueologia; Doutor em Biotecnologia; Mestre em Ciência da Computação; Especialista em Banco de Dados e em Análise de Sistemas; Bacharel em Ciência da Computação; Pesquisador em Computação Aplicada, destaque para pesquisas na área de Computação Visual com temas voltados para a Neurociência Computacional, onde estuda padrões em imagens do cérebro e Arqueologia Computacional, com estudos destinados ao realce, segmentação e vetorização de imagens de arte rupestre.
Escritor e poeta, colaborador do impresso "O Piagui" e de várias coletâneas, entre elas o "Almanaque da Parnaíba" e a série "Piauí em Letras".
Autor de várias obras, destaque para o livro "Ensaio histórico e genealógico dos Meneses da Piracuruca" (2022).
É idealizador e mantenedor do Portal Piracuruca (www.portalpiracuruca.com) e do periódico impresso Revista Ateneu (ISSN 2764-0701). Ambos os projetos existentes desde 1999 com a mesma finalidade, que é divulgar a exuberância de cenários, a cultura, a história, os mistérios, a pré-história, as lendas e as curiosidades do Piauí.
Desenvolve desde 2018 o Projeto Artes do Bitorocaia (www.portalpiracuruca.com/artes-do-bitorocaia/) que tem por objetivo o mapeamento e catalogação dos sítios arqueológicos com registros rupestres existentes na área da bacia do Rio Piracuruca.