Antes da chegada dos invasores as terras que hoje fazem parte do Piauí, diferentes etnias indígenas já povoavam os mais distantes rincões de terras do nosso atual estado desde o litoral até interior, antes mesmo da vinda do colonizador de português ao Brasil. Dentre as etnias indígenas destacam-se os Acroás, Araiozes, Aruás, Cariris, Gueguês, Jaicozes, Pimenteiras, Potis, Tabajaras, Tacarijus, Tremembés dentre outros grupos.
O Piauí passou a ser uma capitania somente em 1758, com a capital em Oeiras, antiga Vila da Mocha. O território piauiense ainda era dominado pelas fazendas de gado, e havia um número pequeno de vilas.
Os Tabajaras e os Tacarijus
Os padres jesuítas Francisco Pinto e Luiz Figueira vieram com a intenção de pregar o evangelho e catequizar as civilizações da Serra da Ibiapaba, inclusive quando chegaram a grande serra, os índios Tabajaras já eram amigos dos compatriotas portugueses.
Vindos de Pernambuco os padres tinham o objetivo de chegar ao Maranhão e lá fixar uma missão jesuítica. Então aqueles reverendos seguiram, satisfeitos o dorso da imponente cuesta.
Lá chegando foram bem recebidos e acolhidos na aldeia de Irapuan (Mel Redondo), passados alguns dias seguiram em diante para visitar outras aldeias, atravessando a grande serra e chegar às terras onde hoje é o Piauí.
Alguns dos índios que os acompanhavam, desejaram fazer roças e quiseram ficar uma temporada numas cercanias onde pararam para descanso de dias à fio de jornada. Ali os jesuítas tiveram a certeza plena de que os Índios Tacarijus, vizinhos e inimigos rancorosos dos Tabajaras, poderiam vir em breve, mesmo assim ficaram, porque também era objetivo catequizá-los.
Na manhã de 02 de janeiro de 1608 o grupo foi atacado de surpresa por aqueles implacáveis guerreiros mesmo os Tabajaras resistindo de forma heroica. Os Tacarijus assassinaram brutalmente o querido padre Pinto.
O padre Figueira ficou aterrorizado com a morte do Pe. Pinto, mas teve coragem e limpou o cadáver ensanguentado de seu companheiro e amigo, transportando-o para o sopé da grande cordilheira para sepultar em um lugar de nome Abaiara.
De acordo com o Pe Antonio Vieira a morte de Pe Pinto foi vingada pelos Tabajaras, na qual se mostraram tão cavaleiros que, fazendo guerra em toda parte com os Tacarijus, apenas deixaram desta nação quem lhe conservassem o nome e a memória.
Em 1604 Pero Coelho atacou os índios Tabajaras da Serra da Ibiapaba que dominavam aquela região e os fez se renderem, já os Tacarijus, não. Os franceses aproveitaram e persuadiram os Tacarijus a odiarem os portugueses e seus aliados. Por isso, aquelas tribos se tornaram tão rivais e inimigos rancorosos.
Francisco Pinto e Luis Figueira tinham também como missão, converter os índios à fé cristã e a ter obediência ao Rei de Portugal. Os da serra logo aceitaram a doutrinação missionária, os Tacarijus influenciados pelos franceses se negaram e não aceitaram.
Seria o tal lugar Abaiara o mesmo que Ubiara?
Para o historiador castelense Paulo Clímaco Alves, Abaiara pode ser a variação linguística de Ubiara, pois os nativos não sabiam falar bem o idioma português.
Quando a Vila de Marvão, atual Castelo do Piauí, foi criada através de documento datado de 19 de junho de 1761, juntamente com as primeiras vilas da então província do Piauí, seu território ia desde Humildes (atual Alto Longá) até Piranhas e Pelo Sinal, respectivamente Crateús e Independência no Ceará.
Marvão foi quinta vila a ser fundada por João Pereira Caldas na sua missão de cumprir o Decreto Real. A vila foi erigida a 13 de setembro de 1762 na freguesia de Nossa Senhora do Desterro do Poti na então fazenda Rancho dos Patos, mais precisamente em sua capela que ficava nas proximidades do Rio Cais.
Segundo Pe. Cláudio Melo no livro “O Mártir do Padre Pinto”, o provável local do massacre do jesuíta está localizado na área que vai desde os paredões rochosos dos Picos dos André até a fazenda Cabeça do Tapuia, que corresponde ao atual município de São Miguel do Tapuio.