Há alguns anos, eu fiquei sabendo de uma marca misteriosa de pegada humana, que existia em um lajeiro na zona rural do município de Caxingó, norte do estado do Piauí e a cerca de 280 km da capital Teresina.
A partir de então, comecei a tentar articular a minha ida até o local para conhecer este estranho fenômeno, foi então que conheci Erick Junio, que trabalha na Fazenda Janipapeiro, local onde ocorre a citada pegada. A fazenda é de propriedade do Sr. Vigerlenio Machado.
Bom, finalmente no dia 25 de maio de 2025, deu certo, me dirigi até a Fazenda Jenipapeiro em companhia do fotógrafo Helder Fontenele. Irei relatar aqui como se deu mais esta empreitada pelos sertões do Piauí.
Detalhe da sede da Fazenda Janipapeiro. Foto: F Gerson Meneses.A Fazenda Jenipapeiro faz parte do grupo VM – V Machado Agropecuária. Foto: Helder Fontenele.
Em tempo: o objetivo principal da trilha foi a busca das “pegadas de São Pedro”, mais um registro fotográfico que irá compor o livro “Piauiando – 100 retratos do Piauí”. Livro de minha autoria que será lançado em agosto de 2025 no Festival Literário da Barra Grande.
A Fazenda Jenipapeiro:
A sede da Fazenda Jenipapeiro fica a cerca de 6,5 km do centro de Caxingó. Historicamente, a fazenda sempre pertenceu aos membros da Família Neris Machado.
Gansos em um dos lagos da fazenda. Fotos: F Gerson Meneses.Imagens aéreas da sede da Fazenda Jenipapeiro. Foto: F Gerson Meneses.Animais bem cuidados. Foto: F Gerson Meneses.Na fachada da sede da fazenda, está este banner em homenagem a Virgílio Neris Machado (in memoriam), pai do atual gestor da fazenda. Foto: F Gerson Meneses.
A fazenda exala um ar de organização e prosperidade. Fundamentada na pecuária, no lugar também se cria capote, galinha, pato, porco e peixe.
Criatórios de capote, galinha, pato e porco. Foto: F Gerson Meneses.Tanques para a criação de peixes. Foto: F Gerson Meneses.Criação de gado. Foto: F Gerson Meneses.
Capela/Jazigo da Família:
Dentro da área da Fazenda Jenipapeiro existe uma capela e um cemitério familiar dedicado à família Neris Machado.
Capela familiar da Fazenda Pitombeira. Foto: F Gerson Meneses.A Capela/Jazigo é datada de 1948 e tem em seu frontão também as iniciais FNM, de Felipe Neris Machado, grande patriarca que está sepultado no interior da Capela. Foto: F Gerson Meneses.Altar da Capela. Foto: F Gerson Meneses.Existem pessoas sepultadas ao redor da Capela… Foto: F Gerson Meneses.…e no seu interior também… Foto: F Gerson Meneses.…entre eles está o patriarca Felipe Neris Machado (06/07/1886 – 21/01/1967). Foto: F Gerson Meneses.
As pegadas de São Pedro:
A princípio, eu imaginava que era apenas uma pegada, já na fazenda fui informado que na verdade eram duas (pés direito e esquerdo), esta informação aumentou a minha curiosidade para conhecer o local.
O trecho até o local das pegadas foi feito, boa parte dele, neste “Toyotão”, um verdadeiro tanque de guerra. Foto: Helder Fontenele.Travessia do Riacho Pedrinhas. Foto: F Gerson Meneses.O restante do percurso foi uma trilha a pé até o local do fenômeno. Foto: Helder Fontenele.Margem do Riacho Pedrinhas. Foto: Helder Fontenele.O primeiro elemento interessante na margem do Riacho Pedrinhas é esse funil feito no lajeiro. Foto: Gerson Meneses.
Finalmente observei as pegadas, uma parece bem mais visível (pé direito), a outra mais apagada. É uma intrigante ocorrência que há muito tempo faz parte do conhecimento popular dos moradores da fazenda e entorno.
Ao jogar água sobre as gravuras percebe-se melhor o contorno dos pés e dos dedos. Foto: Gerson Meneses.Fotografando as “pegadas de São Pedro”. Foto: Helder Fontenele.Gravura do pé direito, no lajeiro seco… Foto: Gerson Meneses.…e no lajeiro molhado. Foto: Gerson Meneses.
Na pegada, percebe-se claramente as marcas dos 5 dedos. Conforme a projeção da régua, o tamanho da pegada é entre 25 e 30 cm.
De acordo com Erick: “elas existem aí há séculos, os antigos já sabiam delas e colocaram o nome de pegadas de São Pedro…estas pegadas só podem ser dele mesmo, de Jesus Cristo ou dos primeiros moradores da terra…parece que pisaram aí quando a pedra ainda estava quente e ficou a marca”.
E o riacho das Pedrinhas segue rumo ao Rio Longá e carrega por séculos o mistério das pegadas de São Pedro. Foto: Gerson Meneses.
Fim de tarde no Rio Longá:
O final da trilha foi na margem do majestoso Rio Longá, um dos principais afluentes do Rio Parnaíba. Na sua passagem nas terras da Fazenda Jenipapeiro, o Longá forma esse banho, onde é aproveitado também por pescadores.
Rio Longá na sua passagem pela Fazenda Jenipapeiro. Foto: Gerson Meneses.Pescador jogando a tarrafa. Foto: Gerson Meneses.Canoeiro pastorando o engancho. Foto: Gerson Meneses.Helder Fontenele.F Gerson Meneses.Gratidão ao amigo Erick Junio e a todos da Fazenda Jenipapeiro, que tão bem nos receberam durante esta aventura nos sertões de Caxingó. Foto: Helder Fontenele.
F Gerson Meneses é natural de Piracuruca – PI, professor de informática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFPI / Campus Parnaíba – Piauí; Pós-Doutorando em Arqueologia; Doutor em Biotecnologia; Mestre em Ciência da Computação; Especialista em Banco de Dados e em Análise de Sistemas; Bacharel em Ciência da Computação; Pesquisador em Computação Aplicada, destaque para pesquisas na área de Computação Visual com temas voltados para a Neurociência Computacional, onde estuda padrões em imagens do cérebro e Arqueologia Computacional, com estudos destinados ao realce, segmentação e vetorização de imagens de arte rupestre.
Escritor e poeta, colaborador do impresso "O Piagui" e de várias coletâneas, entre elas o "Almanaque da Parnaíba" e a série "Piauí em Letras".
Autor de várias obras, destaque para o livro "Ensaio histórico e genealógico dos Meneses da Piracuruca" (2022).
É idealizador e mantenedor do Portal Piracuruca (www.portalpiracuruca.com) e do periódico impresso Revista Ateneu (ISSN 2764-0701). Ambos os projetos existentes desde 1999 com a mesma finalidade, que é divulgar a exuberância de cenários, a cultura, a história, os mistérios, a pré-história, as lendas e as curiosidades do Piauí.
Desenvolve desde 2018 o Projeto Artes do Bitorocaia (www.portalpiracuruca.com/artes-do-bitorocaia/) que tem por objetivo o mapeamento e catalogação dos sítios arqueológicos com registros rupestres existentes na área da bacia do Rio Piracuruca.