A busca por fontes sobre Nicolau de Rezende, o náufrago que descobriu o Delta do Parnaíba

Por: Enéas Barros

Creio que todos já ouvimos falar de Nicolau de Rezende, o português que naufragou na costa do Piauí e descobriu o delta do rio Parnaíba, chamado por ele de rio Grande.

No entanto, tenho tido pouca sorte em encontrar fontes que me levem à história de Nicolau, excetuando-se o “Tratado Descritivo do Brasil em 1587”, de Gabriel Soares de Sousa. Uma matéria da revista Globo Rural (Edição 267, janeiro de 2008) informa que: “Em 1571, o navegante português Nicolau de Rezende foi a pique perto da foz do rio Parnaíba, perdendo toneladas de ouro no naufrágio. Decidido a recuperar seu tesouro, passou 16 anos tentando resgatá-lo, em vão. Então, de tanto velejar, encontrou ‘um grande rio que forma um arquipélago verdejante ao desembocar no mar’. Pronto! Nicolau acabara de descobrir o Delta do Parnaíba (…)”.

Infelizmente, a matéria não cita a fonte que alimentou essa informação. Na lista de naufrágios do Maranhão (naufragiosdobrasil.com.br) consta a caravela de Nicolau de Rezende, de 1571, mas não especifica o local, que se supõe ter sido a foz do rio Parnaíba.

O imortal Reginaldo Miranda, em matéria para o Portal Entretextos (27-12-2017), afirma que “pouco se sabe sobre esse aventureiro, senão que era náufrago, estava perdido”, citando que o padre Cláudio Melo havia afirmado que Nicolau teria vivido entre indígenas.

O publicitário Alcide Filho afirmou, em matéria reproduzida pelo Jornal da Parnaíba (16-01-2014), que trechos do diário de Nicolau de Rezende, colhidos do imortal A. Tito Filho, foram inseridos em um programa especial para a TV Meio Norte. Creio que muitos de nós agradeceríamos se essas fontes fossem disponibilizadas.

Conheçam, a seguir, o trecho em que Gabriel Soares de Sousa cita Nicolau de Rezende, em seu “Tratado Descritivo do Brasil em 1587”, páginas 47-48:
Como fica dito, o rio Grande está em dois graus da parte do sul, o qual vem de muito longe e traz muita água, por se meterem nele muitos rios; e, segundo a informação do gentio, nasce de uma lagoa em que se afirma acharem-se muitas pérolas. Perdendo-se, haverá dezesseis anos, um navio nos baixos do Maranhão, da gente que escapou dele que veio por terra, afirmou um Nicolau de Rezende, desta companhia, que a terra toda ao longo do mar até este rio Grande era escalvada a maior parte dela, e outra cheia de palmares bravos, e que achara uma lagoa muito grande, que seria de 20 léguas pouco mais ou menos; e que ao longo dela era a terra fresca e coberta de arvoredo; e que mais adiante achara outra muito maior a que não vira o fim, mas que a terra que vizinhava com ela era fresca e escalvada, e que em uma e em outra havia grandes pescarias, de que se aproveitavam os tapuias que viviam por esta costa até este rio Grande, dos quais disse que recebera com os mais companheiros bom tratamento. Por este rio Grande entram navios da costa e têm nele boa colheita, o qual se navega com barcos algumas léguas”.

Texto publicado com a devida autorização do autor.