Você acredita em almas, fantasmas, espíritos ou aparições? Muita gente acredita e dentre estes alguns juram que já viram estas coisas sobrenaturais. Isto independe do ambiente social e cultural, época ou circunstâncias.
No afamado e tradicionalíssimo Colégio Sagrado Coração de Jesus, o “Colégio das Irmãs”, fundado em Teresina no ano de 1906 e localizado no coração da importante Avenida Frei Serafim houve um caso destas supostas aparições há uns 35 anos.
IMAGEM ANTIGA, TOMADA DURANTE A COMEMORAÇÃO DOS 50 ANOS DO COLÉGIO EM 04-10-1956. AUTORIA DESCONHECIDA.
O caso se passou quando alunas teriam tido contato com uma irmã já falecida, de nome Lourdes, cujo óbito remontava a 1977, portanto dois anos antes. A religiosa, moradora do Colégio, estaria aparecendo para as estudantes no final de março de 1979, segundo o relato de apavoradas alunas da época.
Conforme os testemunhos, a falecida freira teria sido observada no auditório da Escola, tocando um velho piano ali existente e que há mais de um ano não funcionava. Além das alunas as notícias dizem que também uma freira, Irmã Fortes, teria visto a cena sobrenatural, ficando em consequência da visão em estado de choque.
A IRMÃ FORTES TERIA PRESENCIADO A APARIÇÃO. FONTE: JORNAL O ESTADO.
Tudo teria começado quando alunas do maternal e do primário, cujas salas ficam próximas ao auditório ouviram uma música tocada no piano, além de rumores e barulhos diversos. A princípio teriam achado normal. Talvez alguém estivesse recuperando o velho instrumento musical e fazendo algum serviço. Como a música era insistente, algumas crianças tiveram a curiosidade de saber quem estava tocando.
Chegando ao auditório, de onde vinha a música, observaram que o portão estava fechado. Mas parece que ao observarem pela fechadura ou pela fresta da porta, teriam visto a falecida Irmã Lourdes de costa, sentada ao piano. Houve um pavor generalizado e as irmãs que acudiram as crianças suspenderam as aulas do dia, dispensando as alunas, para evitar maiores transtornos.
ESTA IMAGEM MUITO ANTIGA SERIA DO AUDITÓRIO ONDE TERIA OCORRIDO O FENÔMENO. IMAGEM AUTORIA DESCONHECIDA.
Dizem que as crianças mais exaltadas eram a do maternal, que estudavam numa sala onde um dia a suposta aparição teria sido professora.
O dia seguinte não foi alvissareiro para a direção da tradicional escola. Muitas alunas não compareceram e havia ainda a preocupação com o estado emocional da Irmã Fortes, que teria presenciado a alma.
Correu até o boato que a freira tivesse sido internada numa clínica mas a própria desmentiu a notícia aos repórteres do jornal O ESTADO.
Para contornar a situação e fazer com que as alunas regressassem ás aulas, a coordenadora do primário, Irmã Lúcia esteve em todas as classes explicando ás alunas que tudo não passaram de uma má interpretação de pessoas que julgaram ter visto a Irmã Lourdes.
Outra providência tomada foi a urgente convocação pelo Colégio de todos os pais das alunas para uma reunião, que foi realizada em 31 de março de 1979 para explicar o acontecido e convencer a todos que não houve nada sobrenatural.
Para a reportagem do jornal O ESTADO a direção do estabelecimento quis negar a existência da suposta aparição, tendo a própria Irmã Fortes afirmado que tudo não passou de um mal entendido. Irmã Lourdes gostava realmente de tocar piano mas nunca teria aparecido após morta. Ainda segundo a Irmã Fortes, também não seria verdade que ela esteve hospitalizada devido ao trauma, como as alunas contaram.
A explicação oficial do Colégio para a reportagem de O ESTADO é que outra irmã estaria testando o estado do velho piano porque a direção da Escola pretendia vendê-lo. Assim, a música ouvida pelas alunas teria sido este trabalho de teste para verificar se o instrumento ainda funcionava normalmente.
Outra parte do barulho ou rumores ouvidos pelas alunas vindo do auditório seria decorrente do trabalho de recuperação do local executado por pedreiros, inclusive com a retirada do forro.
Entretanto, os repórteres perceberam algumas contradições nas explicações: como se explicava o fato de outra irmã estar tocando o piano estando o portão de acesso ao auditório trancado a cadeado assim que as alunas chegaram?
Outra coisa difícil de explicar: se houve tanto pânico, por que a própria irmã que tocava e testava o piano não se identificou e tranquilizou as crianças? E por que nunca foi identificada a pianista? E mais, os repórteres perceberam que no auditório não havia qualquer vestígio de trabalho de restauração que possam ter provocado o barulho ouvido pelas alunas.
Por fim, os repórteres observaram que, embora a Irmã Fortes dissesse que nunca esteve doente ou hospitalizada pelo trauma, ouviram sorrateiramente uma outra irmã perguntando sobre ela a uma colega, indagando sobre seu estado de saúde, querendo falar com a religiosa.
Aos poucos, com o passar dos dias a situação ficou parcialmente sob controle da direção do Colégio, porém muitas alunas demoraram a voltar às aulas, mostrando-se apavoradas com o ocorrido. Isso parece ter demonstrado que muitas alunas não se convenceram com a explicação racional da direção do Colégio e da Coordenação do Maternal.
Por longos dias as alunas manifestavam-se intranquilas, pois estavam convencidas de que realmente viram a Irmã Lourdes tocar piano no palco do auditório. E apesar das explicações da direção e das reuniões com os pais, muitas crianças temiam uma nova aparição da freira.
A reportagem do jornal teresinense O ESTADO concluiu a matéria comparando o ocorrido a fatos semelhantes da mesma época em escolas municipais do Rio de Janeiro, no início ano deste mesmo 1979, temporalmente muito próximo ao caso do Colégio das Irmãs. Trata-se da aparição de uma mulher alta e loura, que era vista nos banheiros das escolas, apavorando alunos, o que provocou inclusive a suspensão de aulas em vários estabelecimentos cariocas.
Afinal, o que se passou no Colégio das Irmãs no final de março de 1979? Uma confusão provocada pela infantilidade das crianças? Uma histeria coletiva? Uma projeção inconsciente de alguém? Como se explica as contradições das explicações da diretoria do estabelecimento de ensino? Ou….ou…
Fonte: Jornal O ESTADO, Teresina, 01-02 de abril de 1979.