A simetria observada na grande pintura rupestre da Baixa da Teresa, em Piracuruca – Piauí

O Sítio Arqueológico Baixa da Teresa é composto por uma série de afloramentos de arenito, alguns deles com várias pinturas rupestres. O local fica a somente 1,5 Km da área urbana do município de Piracuruca, norte do Piauí (Figura 1).

Figura 1 – localização geoespacial do Sítio Arqueológico Baixa da Teresa. Infografia: F Gerson Meneses.

O fato de estar próximo à área urbana da cidade, faz com que o local exija cuidados por parte dos administradores públicos, apesar de estar em área privada, o local está protegido pela Lei Federal nº 3.924, de 26 de julho de 1961, que em seu artigo 1º, diz “os monumentos arqueológicos ou pré-históricos de qualquer natureza existentes no território nacional e todos os elementos que neles se encontram ficam sob a guarda e a proteção do Poder Público…”.

Algumas pinturas rupestres encontradas na Baixa da Teresa são vistas a seguir (Figura 2 e 3):

Figura 2 – algumas da pinturas rupestres do sítio Baixa da Teresa. Fotos: F Gerson Meneses.
Figura 3 – registro das pinturas rupestres.

Em tempo – logo abaixo deste texto tem links de outras matérias que tratam do Sítio Arqueológico Baixa da Teresa, além do link para mais pinturas neste sítio, a partir da base do Projeto Artes do Bitorocaia.

Bom, gostaria neste texto de destacar uma pintura do sítio Baixa da Teresa, a mesma mede cerca de 1,5 metros de comprimento, por 0,8 metros de altura. Sua base, está a uma altura de aproximadamente 2,5 metros do solo (Figura 4).

Figura 4 – vista lateral do painel rupestre. Foto: F Gerson Meneses.

O desenho maior do painel destacado, está em formato elíptico imperfeito, lembrando uma cúpula. Me chamou a atenção o tamanho e a simetria entre os elementos que compõe o desenho, por isso, resolvi fazer uma análise destes elementos e da distribuição dos mesmos (Figura 5).

Figura 5 – desenhos do painel rupestre, com destaque para a pintura analisada neste texto, uma forma elíptica imperfeita, lembrando uma cúpula. Foto: F Gerson Meneses. Realce a partir da ferramenta DsTretch.

No interior da figura, ocorrem 13 divisões verticais, traçadas a partir de uma linha central (linha 07), o que demonstra uma certa simetria no desenho. As 13 linhas verticais estão entrelaçadas por linhas horizontais em zig zag. Juntas, as linhas horizontais e verticais formam um traçado semelhante a uma rede (Figura 6).

Figura 6 – destaque para as 13 linhas verticais e para a linha 07, como o ponto central do desenho. Foto: F Gerson Meneses. Realce a partir da ferramenta DsTretch.

Cada uma destas 13 divisões, se analisadas individualmente, podem ser observadas como um padrão “espinha de peixe”. Se analisadas conforme um padrão simétrico, podem ser segmentadas em 7 “espinhas de peixe” (Figura 7).

Figura 7 – as 7 “espinhas de peixe” segmentadas. Foto: F Gerson Meneses. Realce a partir da ferramenta DsTretch.

Uma outra observação que pode ser feita é a partir de uma visão de perspectiva, os 7 elementos em formato “espinha de peixe” dão a ideia de profundidade, como se o executor do desenho quisesse apresentar algo em três dimensões.

Por último, observamos que na parte externa, o desenho está circundado por traços, como se o autor quisesse dar brilho ou destaque à figura, assim como são os desenhos soliformes (Figura 8).

Figura 8 – destaque para os detalhes na borda do desenho. Foto: F Gerson Meneses. Realce a partir da ferramenta DsTretch.

É precipitada qualquer tentativa de interpretação ou significado do desenho. O que se pode afirmar, a partir das observações acima, é que o desenho foi algo planejado, não são traços aleatórios. Para se conseguir representar as características simétricas apresentadas acima, é preciso ter uma boa noção de espaços, direções e quantidades.

Links sugeridos:

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Pintura rupestre no Sítio Baixa da Teresa apresenta traços que lembram um rosto

Piracuruca – PI – Baixa da Teresa