Aqui, mais uma reedição de matéria veiculada na Revista Ateneu 1, janeiro de 2003. O “Artista das Palavras”, esse é o título do espaço reservado para homenagear Francisco Tabajara de Aguiar, falecido em 29 de outubro de 2004. Senhor Tabajara, nascido em Tianguá-CE, recebeu o título de cidadão piracuruquense em 1999.
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Não me chamem de bissexto. Lançado em 1997, essa foi a primeira obra do escritor Francisco Tabajara de Aguiar. Nascido na cidade de Tianguá em 1921, ele é mais um daqueles acolhidos pelas águas do rio Piracuruca e pela fé em Nossa Senhora do Carmo.
Capa do livro “Não me chamem de Bissexto” – Tabajara Aguiar – 1997.
Filho do comerciante e fazendeiro Manuel Alcides de Aguiar e de Sebastiana Amélia de Correia Aguiar, com quatro anos veio morar na Lagoa do Barro, a 24 quilômetros de Piracuruca. Desde a infância já se identificava com a mais bela de todas as artes: a poesia.
Casarão onde morou Tabajara Aguiar, na rua Senador Gervásio em Piracuruca.
Colaboração: Thiago Alves (Piracuruca Túnel do Tempo).
Aliás, a inspiração para seu primeiro poema, aos oito anos de idade, não poderia ser mais curiosa. Conta o escritor que um dia encontrou sua irmã, Geni, comendo um pedaço de rapadura, que ela rapidamente escondeu ao vê-lo. Insatisfeito com essa situação, o poeta pegou um lápis, foi para o quarto e escreveu o seguinte texto:
A Geni é graciosa,
Mas tem um defeito ruim,
Devido ser gulosa
Esconde as coisas de mim.
Daí em diante estava surgindo um artista das palavras. Em seus versos estão retratados do aboio sertanejo a uma série de situações cotidianas. Lá, também, está registrada a paixão por sua musa, a esposa Maria Luiza Cerqueira de Aguiar.
Membro da União Brasileira de Escritores, seus poemas estão publicados em coletâneas como a Antologia Literária Internacional Del’secchi.
Francisco Tabajara de Aguiar.
Adrião Neto, escritor piauiense, considera “que a beleza da poesia de Tabajara está na simplicidade e no estilo próprio que ele conseguiu imprimir em cada expressão ou frase de efeito empregada nos seus textos”.
NO MEU QUARTO
À minha esposa
No palco do meu quarto, querida,
Eu te vejo sempre representando,
A platéia te aplaudindo envolvida,
Sou eu esta platéia sozinho delirando.
É obvio que a platéia, sou eu sim e mais ninguém,
A atriz és só tu, bem, e ninguém mais,
Representas maravilhosamente bem,
Com tua veste e perfume naturais.
Deste filme, sou eu o artista, o diretor,
O ensaísta, o crítico e o câmera,
A cena final sempre na cama,
No meu bom e especial trabalho de ator.
Francisco Tabajara Aguiar e a sua esposa Maria Luiza Cerqueira de Aguiar.