Matéria originalmente produzida para a
Revista Ateneu nº 2- janeiro de 2020.
Na Piracuruca do início do século passado nasceu Hermínio de Morais Brito Conde, precisamente no dia 18 Março 1905, filho de Hermínio dos Santos Conde (23/07/1879 – 19/08/1906) e Azulina de Moraes Brito (03/08/1882 – 06/08/1938). Hermínio pai, era natural de Passo do Camaragibe – Alagoas. Após estudar no Rio de Janeiro, veio para o Piauí exercer o ofício de telegrafista, fixando residência em Piracuruca. Aos 30 de março de 1901 casou-se com Azulina de Moraes Brito. Era escritor e poeta, colaborou na imprensa piauaiense, deixando várias poesias e traduções. Sabia latim, francês e inglês.
O JORNAL “NORTISTA” DE 13 DE ABRIL DE 1901 ANUNCIA O CASAMENTO DE HERMÍNIO E DE AZULINA (7).
Já Azulina, que passou a assinar Azulina de Brito Conde, era filha de Pedro Melquiades de Morais Brito e Carlota Coelho de Brito, portanto, neta de Gervásio de Brito Passos (Senador do República) (2,3). Hermínio e Azulina tiveram cinco filhos: Josephina, Linda, Augusto, Herminio e Pedro. Hermínio pai faleceu jovem, em 19 Agosto 1906, aos 27 anos, quando Hermínio filho tinha pouco mais de 1 ano de idade (2,3).
HERMÍNIO CONDE (IMAGEM MAIOR, ACIMA) E SEUS IRMÃOS, NA ORDEM, A PARTIR DA ESQUERDA JOSEPHINA CONDE, LINDA CONDE, AUGUSTO CONDE E PEDRO CONDE.
AUGUSTO CONDE FORMOU-SE EM ENGENHARIA, VIVEU E FALECEU EM MINAS GERAIS. JÁ PEDRO CONDE ERA O MAIS NOVO, FOI MAGISTRADO, JURISTA E PROFESSOR. FOI PROMOTOR PÚBLICO, JUIZ DE DIREITO, PROCURADOR DA FAZENDA, DESEMBARGADOR. PRESIDIU O TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL E O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PIAUÍ.
Em uma família de notáveis piracuruquenses, aqui escrevo algumas linhas sobre Hermínio de Morais Brito Conde, um dos maiores expoentes da oftalmologia brasileira.
Hermínio de Moraes Brito Conde foi médico, cientista, poeta e jornalista. Formou-se na Bahia e fez especializações em Lisboa, Paris, Viena e Berlim. Dirigiu o Instituto Benjamim Constant, no Rio de Janeiro e o Centro de Pesquisas Oftalmológicas, foi presidente da Liga Nacional de Prevenção da Cegueira, perito da Organização Mundial de Saúde, professor do Curso Federal de Tracoma do Ministério da Saúde, delegado do Brasil em numerosos congressos internacionais de oftalmologia, diplomado da Escola Superior de Guerra e autor de cerca de 82 trabalhos publicados sobre oftalmologia (1,4,7).
DR. HERMÍNIO CONDE, REGISTRO DO ALMANAQUE DA PARNAÍBA DE 1931 (6).
Foi o inventor do aparelho coagulador para o tratamento do tracoma, que curou milhares de tracomatosos. Homem de ciência, filantropo, estudioso, consciente da verdade médica. Hermínio, apoiado na autoridade que lhe deu fama em congressos internacionais, sustentou que a higiene dos olhos é fator de economia social e de cultura. E foi além, difundiu ensinamentos rigorosos para a prevenção da cegueira, contra a qual lutou toda a vida, clamando pela educação do homem na consciência ocular, a fim de que os olhos não fossem fonte de torturas físicas e morais (1,4, 7).
HERMÍNIO DE MORAES BRITO CONDE
Nos escritos, Hermínio se pôs a serviço da medicina com seus dons de inteligência e bondade. Nunca arrefeceu da sua luta pela saúde dos olhos. Revelou-se um educador de pensamento, servidor da medicina social, de que se tornou profissional e sacerdote para promover a felicidade de seus semelhantes (1,4).
HERMÍNIO DE MORAES BRITO CONDE (5)
Pertenceu à Academia Piauiense de Letras, investigou temas históricos, publicando estudo cívico intitulado “Cochrane, Falso Libertador do Nordeste”, além de “Meninos Delinqüentes” e destaque para a obra “A Tragédia Ocular de Machado de Assis” (1,4).
JORNAL A NOITE (RJ) DE 18/7/1942, SOBRE O LIVRO DE HERMÍNIO CONDE (7).
DIVULGAÇÃO DO LIVRO “A TRAGÉDIA OCULAR DE MACHADO DE ASSIS”
JORNAL A NOITE (RJ) – 1942 (7).
Os feitos de Hermínio Conde foram bastante citados na imprensa da então capital federal, Rio de Janeiro, dos anos 1930 a 1960.
Por ordem cronológica, podemos citar:
JORNAL A NOITE (RJ) DE 1933 (7).
- O Jornal A Noite (RJ) de 26/06/1946, destaca o seguinte comentário de Hermínio Conde: “70% dos cegos poderiam ver”. Na ocasião, Hermínio era vice-presidente da Liga de Prevenção da Cegueira.
JORNAL A NOITE (RJ) DE 1946 (7).
JORNAL A NOITE (RJ) DE 1946 (7).
- O Jornal A Noite (RJ) de 29/12/1947, noticia que foi expressiva a homenagem prestada ao professor Hermínio Conde, por motivo de sua designação para membro delegado brasileiro no Congresso Pan-Americano de oftalmologia a realizar-se em Havana.
- O Jornal A Noite (RJ) de 2/2/1951, informa que o Brasil terá um código de prevenção da cegueira e que essa missão foi confiada ao professor Hermínio Conde.
JORNAL A NOITE (RJ) DE 1951 (7).
- O Jornal do Brasil de 11/4/1959, divulga a descoberta de um aparelho elétrico, um meio seguro de curar o tracoma em zonas rurais e que “a aplicação diária, durante quinze dias, desse aparelho inventado por Hermínio, curou 200 tracomatosos em Cariri, no Ceará”.
JORNAL DO BRASIL (RJ) DE 1959 (7).
- O Jornal do Commercio (RJ) de 19/10/1960, informa que o Brasil lidera luta contra o tracoma “as declarações são do Prof. Hermínio Conde, recém-chegado do Mediterrâneo e Oriente Médio”.
JORNAL DO COMMERCIO(RJ) DE 1960 (7).
- O Jornal do Commercio (RJ) de 12/01/1961, fala da contribuição brasileira à luta contra o tracoma e ressalta a fala de Hermínio Conde no Congresso Médico do Irã sobre doenças oculares transmitidas ao homem pelos animais.
JORNAL DO COMMERCIO(RJ) DE 1961 (7).
- No Jornal A Noite (RJ) de 28/3/1963, um comunicado de que Hermínio Conde seguirá para os Estados Unidos debater sobre a defesa dos olhos contra os efeitos da bomba atômica.
JORNAL A NOITE (RJ) DE 1963 (7).
- No Jornal do Commercio (RJ) de 4/10/1963, cerca de 1 ano antes da sua morte, é noticiado que Hermínio recebe de Genebra, um comunicado do presidente da OMS, renovando por mais 5 anos a sua participação na Comissão Mundial de Peritos em Tracoma.
JORNAL DO COMMERCIO(RJ) DE 1963 (7).
- Finalmente, já em 1964, ano da morte de Hermínio Conde, o Jornal do Brasil (RJ), trás uma longa matéria intitulada “Que bons olhos vejam” e fala de uma escala visual portátil elaborada pelo professor Hermínio Conde, que poderá evitar que o Brasil tenha 1 milhão de cegos (7).
JORNAL DO BRASIL (RJ) DE 1964 (7).
Hermínio casou-se no Rio de Janeiro em 1931 com Nilsa Conde, faleceu também no Rio de Janeiro em 28 de novembro de 1964, aos 59 anos (2), vítima de infarto no miocárdio (5). O casal teve seis filhos: Luiz Carlos, Helena, Maria Lúcia, Pedro Augusto, Ana Maria e Lilian (que faleceu ainda bebê). Hermínio Conde dá nome a uma escola em Piracuruca e a uma Rua no Bairro Tabuleta em Teresina.
ESCOLA HERMÍNIO CONDE EM PIRACURUCA
Fontes consultadas (nov/2019):
1 – Dicionário Histórico Biográfico Piauiense
2 – https://www.geni.com/people/Hermínio-dos-Santos-Conde
3 – http://caveab.blogspot.com/2011/
4 – http://acervoatitofilho1.blogspot.com/2011/02/outro-herminio.html
5 – http://augustobritoomemorialista.blogspot.com/2016/
6 – Almanaque da Parnaíba de 1931
7 – Hemeroteca Digital Brasileira
