No dia 23 de abril de 2025, acompanhando a Expedição Rota do Homem Americano (ROTHAM), tive a oportunidade de conhecer o Parna das Nascentes do Rio Parnaíba e a nascente do Rio Água Quente. A partir desta nascente, outros cursos d’água que brotam na Chapada das Mangabeiras (região do MATOPIBA) vão se unindo em um só curso d’água, formando então o Rio Parnaíba, o “velho monge”, que serve de divisa entre os estados do Piauí e do Maranhão. O Rio Parnaíba é o maior rio genuinamente nordestino.
O termo MATOPIBA é uma alusão à região existente geograficamente na Chapada das Mangabeiras, divisa entre os estados do MAranhão, TOcantins, PIauí e BAhia. Foto: Joca Vidal.A partir da sua nascente na Chapada das Mangabeiras, o Rio Parnaíba percorre aproximadamente 1400 km até a sua foz, onde forma o maior Delta em mar aberto das Américas. Foto: F Gerson Meneses.O Parna das Nascentes do Rio Parnaíba foi criado em 2002, tem uma área de 730 mil hectares e uma grande importância ambiental, é um refúgio para várias espécies de elementos da fauna e da flora que ocorrem na região, além de várias belezas naturais, como por exemplo a Cachoeira da Sussuapara.
Vejamos agora como se deu essa empreitada rumo ao Parna das Nascente do Rio Parnaíba.
Ponto de partida:
Nosso ponto de partida foi a cidade de Corrente, extremo sul do Piauí.
Vista da entrada da cidade de Corrente, no extremo sul do Piauí, por trás, a Serra Dois Irmãos. Foto: F Gerson Meneses.
De Corrente, rodamos cerca de 80 km até a cidade de Barreiras do Piauí, seguimos pela BR 135 e depois pela PI 260, ambas vias asfaltadas.
Chegando em Barreiras do Piauí, nos preparamos para seguir em trilha até o Parna das Nascentes do Rio Parnaíba.
Igreja de São Francisco de Assis, padroeiro de Barreiras do Piauí.
Em tempo: na ida para a trilha das nascentes, além de um guia, é muito necessário um veículo 4 X 4, pois serão cerca de 80 km em trilhas pela chapada até o local onde estacionamos o carro, depois mais cerca de 4 km de trakking. Importante levar: água, frutas, filtro solar, repelente e roupa apropriada para trilha. Imprescindível passar no posto dos brigadistas, ainda na cidade de Barreiras do Piauí e avisar que está entrando no Parque.
Iniciando a trilha:
Muitos riachos pelo caminho. Foto: F. Gerson Meneses.No caminho uma pegada de Anta, o maior mamífero do Brasil. Foto: F. Gerson Meneses.Um dos vários riachos a cruzarem o Parna das Nascentes do Rio Parnaíba.Travessias…Trakking… as serras à frente, são dentro do território do Tocantins. Foto: Joca Vidal.
É uma região com muitos alagados e nascentes de água, uma vegetação típica do bioma cerrado com muitos buritizais, mas também com alguns descampados. Depois de um trakking em meio aos cenários acima, cheguei finalmente à principal nascente do Rio Parnaíba.
Chegando nas nascentes:
A região da nascente principal, originalmente pertence ao município Piauiense de Barreiras do Piauí. Aqui uma placa da Secretaria Municipal de Meio Ambiente do município. Aqui nasce o Rio Água Quente, o principal formador do Rio Parnaíba. Foto: Joca Vidal.A partir do fervedouro principal, o Rio Água Quente se espalha pela chapada, vai agregando vários outros cursos de água e juntos vão formando o “velho monge”. É um lugar espetacular. Fotos: F Gerson Meneses.
Cachoeira da Sussuapara:
Após conhecermos as nascentes, partimos para conhecer também um dos atrativos do Parque, fomos até uma das várias cachoeiras, a Cachoeira da Sussuapara.
Joca Vidal atravessa a rústica ponte, na trilha para a Cachoeira da Sussuapara. Fonte: F Gerson Meneses.De repente, chegamos à Cachoeira da Sussuapara, um lugar ainda totalmente intocável, tal qual a natureza o criou…um paraíso. Foto: F Gerson Meneses.
Hora de voltar:
Já era noite e no nosso retorno contemplamos o céu estrelado da chapada das mangabeiras. Para fechar com chave de ouro, tivemos a companhia de uma arisca raposa, nos mostrando o caminho de saída do Parque, como quem diz: “já viram a minha casa, então por favor, vão embora!”.
O céu estrelado da Chapada das Mangabeiras. Foto: F Gerson Meneses.Nossa amiga raposa, nos guiando a sair do Parque. Foto: F Gerson Meneses.
Nota preocupante:
Em uma análise a partir de imagens de satélite, observei algo preocupante, que é o avanço do agronegócio na região das nascentes, algo que deve ser visto com atenção pelas autoridades. Corremos o risco de ter um dano ambiental sem precedentes para o ecossistema das nascentes do Rio Parnaíba.
Infográfico que mostra os cerca de 90 km percorridos dentro do Parna das Nascentes do Rio Parnaíba. O destaque da imagem, é o avanço do agronegócio pelo lado sul do Parque, correspondente principalmente ao estado do Tocantins. Infografia: F Gerson Meneses.
Contatos e Guias:
=> Robert Luis (bob_adventuree): (89) 99910-1844 – Instagram: @bob_adventuree => Marlon (brigadista do parque e guia): 89 98124-1731.
Agradecimentos:
=> Aos membros da Rota do Homem Americano (ROTHAM) pelo convite para participar da expedição; => Aos brigadistas do Parna das Nascentes do Rio Parnaíba; => Ao poder público municipal de Barrreiras do Piauí.
F Gerson Meneses é natural de Piracuruca – PI, professor de informática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFPI / Campus Parnaíba – Piauí; Pós-Doutorando em Arqueologia; Doutor em Biotecnologia; Mestre em Ciência da Computação; Especialista em Banco de Dados e em Análise de Sistemas; Bacharel em Ciência da Computação; Pesquisador em Computação Aplicada, destaque para pesquisas na área de Computação Visual com temas voltados para a Neurociência Computacional, onde estuda padrões em imagens do cérebro e Arqueologia Computacional, com estudos destinados ao realce, segmentação e vetorização de imagens de arte rupestre.
Escritor e poeta, colaborador do impresso "O Piagui" e de várias coletâneas, entre elas o "Almanaque da Parnaíba" e a série "Piauí em Letras".
Autor de várias obras, destaque para o livro "Ensaio histórico e genealógico dos Meneses da Piracuruca" (2022).
É idealizador e mantenedor do Portal Piracuruca (www.portalpiracuruca.com) e do periódico impresso Revista Ateneu (ISSN 2764-0701). Ambos os projetos existentes desde 1999 com a mesma finalidade, que é divulgar a exuberância de cenários, a cultura, a história, os mistérios, a pré-história, as lendas e as curiosidades do Piauí.
Desenvolve desde 2018 o Projeto Artes do Bitorocaia (www.portalpiracuruca.com/artes-do-bitorocaia/) que tem por objetivo o mapeamento e catalogação dos sítios arqueológicos com registros rupestres existentes na área da bacia do Rio Piracuruca.