Foram cerca de 40 km percorridos de caiaque pelo Rio Formiga, 3 dias intensos de muitos desafios, belezas naturais e interação com as comunidades ribeirinhas.
O município de Paulino Neves está localizado no litoral do Maranhão, distante cerca de 294 km da capital São Luis, seguindo pela BR-402. Tem uma população de 17.056 pessoas (IBGE 2022) e uma área territorial de 979,482 km² (IBGE 2024). Limita-se ao Norte com o Oceano Atlântico, a Leste com Tutóia, a Oeste com Barreirinhas e ao Sul com São Bernardo.
Em tempo: o litoral do Maranhão é mundialmente conhecido por seus recursos naturais, o mais famoso deles é o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Logo abaixo deste texto tem links para matérias de aventuras nos Lençóis Maranhenses: caiaque e trekking.
Inserido em uma região privilegiada, o município de Paulino Neves é considerado a porta de entrada para os Pequenos Lençóis Maranhenses, uma Área de Proteção Ambiental (APA) que apresenta uma série de lagoas separadas por dunas, é uma versão menor dos Grandes Lençóis Maranhenses. Um dos atrativos situados dentro da área dos Pequenos Lençóis, em Paulino Neves é a Praia do Barro Vermelho.
Detalhe da Praia do Barro Vermelho, em Paulino Neves – MA. Foto: Gerson Meneses.
No entanto, os atrativos naturais de Paulino Neves vão além dos Pequenos Lençóis e da Praia do Barro Vermelho. Nesta matéria, compartilharei a extraordinária experiência vivenciada durante uma expedição exploratória de cerca de 40km, realizada de caiaque em 3 dias pelo Rio Formiga, na zona rural no município.
Rio Formiga
O Rio Formiga é também conhecido como Rio da Fome, é muito importante para o município de Paulino Neves, pois serve a várias comunidades por onde passa, até formar a Lagoa da Taboa e em seguida, passar pela área urbana do município, entes de desembocar no oceano atlântico, na APA dos Pequenos Lençóis.
Rio Formiga serpenteia em meio à vegetação típica no norte maranhense, aqui próximo à comunidade Baixão. Foto: Vinícius França.O Rio Formiga forma uma imensa área alagada com muitos olhos d’água, aqui próximo à comunidade Boca do Rio. Foto: Vinícius França.Rio Formiga, ao passar pelo área urbana de Paulino Neves. Foto: Vinicius França.Infografia que mostra a localização espacial do trecho percorrido na expedição, com destaque para as comunidades que serviram de apoio para os aventureiros e as distâncias percorridas em cada dia da empreitada.
Trata-se de um rio estreito, com águas cristalinas, de pouca profundidade e com algumas corredeiras. É formado por vários olhos d’agua, que vão agregando ao longo de um percurso com muitos buritizais e áreas de matas fechadas e brejadas. É um ecossistema com fauna e flora exuberante, típico do norte maranhense.
Rio Formiga, na altura da localidade Baixão dos Ambrósios, ponto de partida da expedição. Neste ponto, o Rio Formiga serve de divisa entre os municípios de Paulino Neves e Barreirinhas. Foto: Gerson Meneses.
O Rio Formiga no passado era navegável, a comunidade ribeirinha o utilizava como rota de comércio, para o escoamento de produtos produzidos nestas comunidades, transportando-os até a área urbana de Paulino Neves e de lá traziam outros produtos para o seu consumo. Com o passar dos anos e o fim da navegação, muitos locais do rio fecharam em virtude do avanço da vegetação.
A Expedição Rio Formiga
A expedição contou com 12 aventureiros, 11 deles residentes em Parnaíba – Piauí, além do Secretário de Turismo de Paulino Neves, Frank Rodrigues. Foi organizada e chefiada por Joca Vidal, natural da região e com vasta experiência em expedições, atividades relacionadas ao turismo e à promoção de eventos que remetem à prática de esportes na natureza.
Expedicionários no ponto de partida da expedição, a partir da esquerda: Cristiano, Brendo, Artur, Joca, Felipe, Gerson, Iran, Bernardo, Frank, Simone e Eduardo. Foto: Vinicius França.
A seguir, alguns registros sobre a expedição:
1º dia, ~ 19 km: O primeiro dia foi o de maior distância, percorrida entre as comunidades de Baixão e Estreito. Foi onde tivemos de fato o primeiro contato com rio e dada as dificuldades no fim do trecho, pudemos ter uma prévia do que nos esperava mais à frente.
Chegada na comunidade Baixão dos Ambrósios, hora de descer os caiaques e montar acampamento….Foto: Gerson Meneses.…caiaques no ponto para o início da remada… Foto: Gerson Meneses.…o acampamento foi montado perto de uma casa de farinha, na margem do Rio Formiga… Foto: Gerson Meneses.…antes da empreitada, um café da manhã reforçado, com muita tapioca… Foto: Gerson Meneses.…horas de se despedir dos ribeirinhos que nos acolheram na comunidade Baixão… Foto: Vinícius França.…saudando as comunidades ribeirinhas… Foto: Vinícius França.…avançando pelo leito do Rio Formiga… Foto: Vinícius França.…muitas passagens debaixo de pequenas pontes usadas pelas comunidades, são as chamadas “pinguelas”… Foto: Vinícius França.…cenário do primeiro dia de remada… Foto: Vinícius França.…chegando na comunidade Estreito. Foto: Gerson Meneses (GoPro).
2º dia, ~ 8 km: O segundo dia foi o trecho mais difícil, apesar de ser o de menor distância, o rio se apresentava muito fechado pela vegetação, dificultando a passagem dos expedicionários, o que ocasionou vários tombos. Foi também o trecho que causou mais expectativa, em virtude da passagem pelas corredeiras do Rio Formiga. Foi percorrido entre as comunidades de Estreito e Boa Vista.
Acampamento na comunidade Estreito… Foto: Gerson Meneses.…remadores prontos para o trecho mais difícil da expedição… Foto: Vinícius França.…seguindo rumo à comunidade Boa Vista… Foto: Vinícius França.…cenário do segundo dia de remada… Foto: Vinícius França.…em vários trechos, o Rio Formiga está com o leito praticamente fechado por galhos de árvores e troncos… Foto: Gerson Meneses (GoPro).…o que faz com que ocorram muitos tombos de caiaque… Foto: Gerson Meneses (GoPro).…hora de encarar as corredeiras do Rio Formiga… Foto: Gerson Meneses (GoPro). …são aproximadamente 200 metros de corredeiras… Foto: Frank Rodrigues.…remadores passando por uma das comunidades ribeirinhas. Foto: Vinícius França.
3º dia, ~ 12 km: O terceiro e último dia de expedição foi o mais tranquilo. Neste trecho entre Boa Vista e Boca do Rio, ainda podemos encontrar resquícios dos tempos de navegação do Rio Formiga, desta forma, foi o trecho mais navegável, onde o rio se apresenta mais largo e também mais próximo da área urbana do município de Paulino Neves. O único contratempo deste trecho foi o vento, que sopra forte do litoral para o interior, dificultado o deslocamento dos remadores.
Acampamento armado na comunidade Boa Vista, prontos para o pernoite… Foto: Gerson Meneses.…a noite na comunidade Boa Vista…Foto: Eduardo Pereira.…caiaques no ponto para o último dia de remada… Foto: Gerson Meneses.…se preparando para encarar o último trecho… Foto: Vinícius França.…uma praia no meio do caminho…Foto: Joca Vidal.…bom lugar para um descanso antes da esticada final…Foto: Vinicius França.…cenário do terceiro dia de remada… Foto: Vinicius França.…chegando à comunidade Boca do Rio. Foto: Vinicius França.
Fauna exuberante:
Durante a expedição, pude fazer alguns registros de elementos da rica fauna existente nas margens do Rio Formiga.
Um ponto enriquecedor em qualquer expedição é a convivência e interação com membros das comunidades ribeirinhas. Na margem do Rio Formiga, sempre fomos muito bem recebidos com alimento, apoio e lugar para armar os acampamentos de pernoite.
Tinha aniversariante na trilha. Lara Sofia, a pequena ribeirinha estava completando 8 anos. Foto: Vinicius França.A farinhada. Foto: Vinicius França.Passagem sobre a “pinguela”. Foto: Gerson Meneses.Valeu pessoal, até a próxima. Foto: Vinicius França.
Para mais informações sobre a remada no Rio Formiga: AVENTUR ECOTURISMO – (86) 9 9402-0909 – WhatsApp
F Gerson Meneses é natural de Piracuruca – PI, professor de informática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFPI / Campus Parnaíba – Piauí; Pós-Doutor em Arqueologia; Doutor em Biotecnologia; Mestre em Ciência da Computação; Especialista em Banco de Dados e em Análise de Sistemas; Bacharel em Ciência da Computação; Pesquisador em Computação Aplicada, destaque para pesquisas na área de Computação Visual com temas voltados para a Neurociência Computacional, onde estuda padrões em imagens do cérebro e Arqueologia Computacional, com estudos destinados ao realce, segmentação e vetorização de imagens de arte rupestre, incluindo a fotogrametria. Ganhador do Prêmio Luiz de Castro Farias (versão 2024), promovido pelo IPHAN, como melhor
Artigo Científico sobre a Preservação do Patrimônio Arqueológico brasileiro. Escritor, poeta, fotógrafo da natureza, colaborador do impresso "Piauí Poético" e de várias coletâneas, entre elas o "Almanaque da Parnaíba" e a série "Piauí em Letras".
Autor de várias obras, destaque para o livro "Ensaio histórico e genealógico dos Meneses da Piracuruca" (2022).
É idealizador e mantenedor do Portal Piracuruca (www.portalpiracuruca.com) e do periódico impresso Revista Ateneu (ISSN 2764-0701). Ambos os projetos existentes desde 1999 com a mesma finalidade, que é divulgar a exuberância de cenários, a cultura, a história, os mistérios, a pré-história, as lendas e as curiosidades do Piauí.
Desenvolve desde 2018 o Projeto Artes do Bitorocaia (www.portalpiracuruca.com/artes-do-bitorocaia/) que tem por objetivo o mapeamento e catalogação dos sítios arqueológicos com registros rupestres existentes no Piauí.