A família Castelo Branco é antiga e tradicional na antiga Metrópole, talvez remontando ao século XIII. Os Castelo Branco adotaram as armas da Casa Real Silva, à qual foram ligados por laços de parentescos ao serem nobilitados no século XVII, através do casamento de D. Maria da Silva, 5ª Senhora de Belas, com Dom Antônio Castelo Branco da Cunha, 11º Senhor de Pombeiro (1620-1675). Para diferenciarem-se dos Silva, os Castelo Branco alteraram seu brasão, e mudaram simplesmente a cor do campo , permanecendo a cor da língua e das armas do Leão Rampante dos antigos reis de Leão e Astúrias. Os Castelo Branco, da cidade Castelo Branco (Beira Baixa) tem devoção particular a Nossa senhora de Mércoles (Carneiro da Silva, 1991).
BRASÃO DOS CASTELO-BRANCO. UM LEÃO DE OURO, ARMADO E LAMPASSADO DE VERMELHO. TIMBRE: O LEÃO DO ESCUDO. FONTE: http://www.buratto.org/gens/heraldica/Castelo.html
Dom Antônio de Castelo Branco da Cunha, 11º Senhor de Pombeiro, herdeiro deste morgado da nobilíssima Casa dos Cunha por parte de sua avó materna, foi comendador de Santa Maria de Almêndoas, na Ordem de Cristo, tomando parte da armada real portuguesa que veio para o Brasil expulsar os holandeses da Bahia em 1624, sob o comando de D. Manoel Meneses (1565-1628).
Este D. Antônio foi casado com D. Maria da Silva (1600-?), 9ª Senhora de Belas, neta, pelo lado paterno, de Fernão da Silva, governador de Algarve. Do primogênito do casal, Antônio Maria, saíram os condes de Vila de Portimão, chefes da Casa dos Castelo Branco, em Portugal; do segundo filho varão, D. Pedro Castelo Branco, procedem os viscondes de Castelo Branco, depois condes de Pombeiro, sendo D. Pedro o 1º Conde de Pombeiro e ainda os futuros marqueses de Belas. Foi o terceiro filho, D. Francisco da Cunha Castelo Branco, irmão de D. Pedro que veio para o Piauí e fundou a família que se esgalhou por todo o país, descendendo deles Augusto da Cunha Castelo Branco, o 1º barão de Campo Maior (1839-1898), Mariano Gil Castelo Branco (1848-1935) barão de Castelo Branco e o 26º presidente do Brasil, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco (1900-1967).
PRESIDENTE CASTELO BRANCO. FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Humberto_de_Alencar_Castelo_Branco#mediaviewer/Ficheiro:Castelobranco.jpg
Humberto de Alencar Castelo Branco nasceu em Messejana-CE a 20 de setembro de 1900-1967, filho do general-de-brigada Cândido Borges Castelo Branco nascido em Campo Maior em 1861, na época major, e de dona Antonieta de Alencar Castelo Branco. Estudou no Liceu Piauiense, em Teresina PI, e no Colégio Militar de Porto Alegre RS, de onde passou para a Escola Militar de Realengo.
Dom Francisco Castelo Branco, segundo os registros históricos, chegou após grandes atribulações em São Luís do Maranhão, após a embarcação em que viajava o fidalgo e sua família de Portugal para Pernambuco ter naufragado nas costas deste Estado, aproximadamente em 1693. No sinistro o nobre lusitano perdeu sua esposa, Dona Maria Eugênia de Mesquita, lisboense de nascimento, com quem era casado desde 1682. Além de perder a esposa, dizem que perdeu toda a fortuna, salvando, porém suas preciosas filhas menores, D. Ana Castelo Branco de Mesquita e D. Maria de Monte Serrate Castelo Branco.
IMAGEM ILUSTRATIVA DE UM NAUFRÁGIO DO SÉCULO XVIII FONTE: www.wikipedia.org
Em São Luís Dom Francisco contraiu novas núpcias com Maria Eugênia de Mesquita. Deste casamento parece ter nascido uma terceira filha, Dona Clara da Cunha e Silva Castelo Branco. Houve também um nascimento masculino, Manoel Castelo Branco, mas não era irmão por parte de mãe de Clara. Ignoramos sua origem materna.
Segundo nebulosos, dados, Dom Francisco teria vindo ao Piauí tentar recuperar o imenso prejuízo com seu tesouro naufragado nas costas pernambucanas. Laborioso e incansável estabeleceu currais, fazendas e lavouras na região de Santo Antônio do Surubim (Campo Maior), onde não só teria recuperado os bens perdidos, como acumulado um patrimônio maior ainda, tornando-se um dos mais prósperos e bem sucedidos fazendeiros e latifundiário da Capitania do Piauí.
Rico, estabilizado, chega à idade de casar as três filhas e vem um impasse. Onde conseguiria maridos a altura para suas refinadas, alfabetizadas, bonitas e dengosas meninas? Na região de Santo Antônio do Surubim só havia caboclos rudes, grosseiros, sem fidalguia e analfabetos.
Contam que Dom Francisco contratou emissários para percorrerem todo o território piauiense à procura de pretendentes ideais para suas mimadas filhas. A recomendação expressa é que fossem brancos, cultos, letrados, de boa aparência e se fosse possível, de boa ascendência. Os mensageiros partiram e levaram um bom tempo nesta estranha seleção. Por fim retornaram e comunicaram que na Capitania só seis homens se enquadravam nos requisitos exigidos por D. Francisco: quatro eram casados (ou amancebados) e dois outros se encaixavam integralmente nas exigências do fidalgo português.
Os dois sortudos foram o militar da Vila de São João da Parnaíba João Gomes do Rego Barros (1856-?), que seria fidalgo cavaleiro da Casa Real e descendente presumível do escritor e historiador português João de Barros (1496-1570), sócio de Aires da Cunha (?-1536), da donataria da 1ª Capitania do Maranhão e ainda ascendente colateral dos condes de Boa Vista, Francisco do Rego Barros (1802-1870). O outro felizardo foi Manuel Carvalho de Almeida, Comissário Geral de cavalaria.
Foi então que o poderoso D. Francisco Castelo Branco impôs uma inusitada condição para autorizar os casamentos aos pretendentes de suas filhas: Objetivando perpetuar o sobrenome Castelo Branco através das filhas, numa descendência por via matrilinear, impôs aos futuros genros a renúncia de seus nomes familiares em troca da adoção do nome de suas prometidas esposas. Certamente os pretendentes foram surpreendidos por tamanha imposição. Mas, tidos como interesseiros, frente a meninas novas, cultas, bem cuidadas e ricas, não demoraram a dar uma resposta positiva ao fidalgo português.
Segundo Josias Carneiro da Silva, prevalecera, além da nobreza e da estirpe e da educação esmerada das moças, a força convincente dos dotes, convidativos e irrecusáveis. Houve então os enlaces matrimoniais.
Pessoalmente observamos casos semelhantes com moças casadouras da família Castelo branco há algumas décadas. Por nada no mundo renunciam a que seu nome seja retirado da família, muitas inclusive pressionando os noivos para que o nome seja o principal. São pessoas que cultuam a tradição e se orgulham da família que tantos intelectuais e políticos já fez brotar.
João Gomes do Rego Barros casou com Ana Castelo Branco de Mesquita e teve como filhos: Maria Eugênia de Mesquita Castelo Branco; Lourenço dos Passos Rego Castello Branco; Rosendo Lopes do Rego Castello Branco; João do Rego Castello Branco e 3 outros.
O outro felizardo, Manuel Carvalho de Almeida, comissário geral de cavalaria, se casou com D. Clara da Cunha e Silva Castelo Branco. Filhos: Francisco da Cunha e Silva Castelo Branco; Manuel Carvalho de Almeida; Belchior de Castelo Branco; Antônio Carvalho de Almeida, Sobrinho; Isabel da Cunha e Silva Castelo Branco e 4 outros.
Quanto a D. Maria do Monte Serrate Castelo Branco, não demorou muito a se casar. É que falecendo precocemente sua irmã Dona Clara e Silva Castelo Branco, o viúvo João do Rego Barros aproveitou e casou com ela, ficando tudo em família. Filhos do casal: Francisca do Monte Serrate Castelo Branco; Florência do Monte Serrate Castello Branco e Anna do Monte Serrate Castello Branco.
Por mais uma oportunidade tudo se transformou em “autênticos” Castelo Branco, uma família que legou ao Brasil, notadamente ao Piauí e Ceará uma numerosa descendência.
Não se sabe exatamente em que circunstâncias, mas parece que D. Francisco Castelo Branco teria falecido no início do século XVIII em São Luís na extrema pobreza. O que acontecera com sua fortuna? Ficou com os genros? Gastou com o conforto dos inúmeros netos?
Aliás, chega a ser questionado domicílio de Dom Francisco no Piauí, pois parece ter sempre vivido na capital maranhense, onde tinha negócios e transporte de mercadorias de São Luís para Alcântara e outras localidades. Isto não impede porém que o fidalgo tenha tido seus investimentos agropecuários no Campo Maior.
Josias Clarence Silva conclui seu estudo sobre a família Castelo Branco no Brasil sendo taxativo:
Castelo Branco autêntico no Brasil, só os representantes de certo ramo mineiro e carioca: os condes de Pombeiro e marqueses Belas, de nacionalidade portuguesa, que se fixaram apenas por alguns anos no Brasil, residindo em Petrópolis, Rio de Janeiro. Os do Piauí, na verdade, são Rêgo Barros e Carvalho de Almeida, travestidos por via matrilinear.
Fontes:
Carneiro da Silva, Josias Clarence. Abelheiras: o último reduto da Casa da Torre no Piauí. Teresina, 1991.
http://www.proparnaiba.com/seuartigo/2011/04/25/a-fam-lia-castello-branco-em-parna-ba.html
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/suplementos/ler/castelo-branco-a-origem-judaica-1.751900
http://www.geni.com/people/Francisco-de-Castelo-Branco/6000000017809148138