Projeto Artes do Bitorocaia completa 5 anos mapeando sítios com arte rupestre no Piauí

O Projeto Artes do Bitorocaia acaba de completar 5 anos e até o momento já foram catalogadas cerca de 1400 imagens em mais de 100 Sítios Arqueológicos distribuídos em 14 municípios e 2 Parques Nacionais do Piauí. O Projeto foi idealizado pelo Professor do IFPI Campus Parnaíba Dr. F. Gerson Meneses que é pós-doutorando em arqueologia. 

Registros de arte rupestre na Serra Negra no Parna Sete Cidades, na Serra do Morcego em Caxingó-PI e Buriti dos Cavalos em Piripiri – PI.

Em tempo: os municípios já visitados pelo projeto foram: Batalha, Bom Princípio, Buriti dos Lopes, Caxingó, Cocal, Cocal dos Alves, Lagoa de São Francisco, Luis Correia, Milton Brandão, Pedro II, Piracuruca, Piripiri, São João da Fronteira e São José do Divino.

Objetivo do projeto: o objetivo principal do projeto é disseminar ações de preservação, valorização e pesquisa. A princípio, o mapeamento ocorria nos Sítios Arqueológicos com pinturas rupestres existentes na área da bacia do Rio Piracuruca. No entanto, o escopo das visitas foi estendido para todo o estado do Piauí.

Recorte da plataforma do Artes do Bitorocaia. Em cada visita são feitos registros fotográficos dos grafismos rupestres, coletadas as coordenadas geográficas e é feita uma descrição textual do sítio.

Em tempo: dependendo da quantidade de informações que são coletadas nos sítios com os guias nativos, mateiros e moradores do entorno, são escritos artigos para o Portal Piracuruca. Muitos desses sítios fazem parte da cultura popular de uma localidade e a relação da comunidade com as pinturas transcendem gerações, gerando muitas histórias e lendas.

O início: tudo começou em 27 de outubro de 2018, quando na companhia do aventureiro piracuruquense Índio Apache, foram registradas as pinturas rupestres no Parque Ambiental Henriqueta Fortes de Cerqueira no Loteamento Nova Piracuruca, na margem do Riacho Passagem de Lages e da PI 110, em Piracuruca. A partir de então o mapeamento seguiu, sempre em parceria com moradores locais, guias e companhias como: Índio Apache, Osiel Monteiro (Curiólogo), Nonato Araújo e outros.

Osiel Monteiro (Curiólogo), F. Gerson Meneses, Índio Apache e Nonato Araújo. Em uma das mais de 70 viagens para o mapeamento de sítios arqueológicos.

Observamos em alguns sítios arqueológicos, um acelerado processo de deterioração dos grafismos, muito em função da expansão das áreas urbanas das cidades e também do desmatamento para exploração das terras. Infelizmente não há um trabalho fiscalizador nem conscientizador no sentido de preservar esses sítios. Diz F. Gerson Meneses.

Exemplo do avanço da área urbana sobre os sítios com pinturas. Esse fica no Olho D’água do Padre, na margem da BR 343 em Piracuruca.

O professor completa que acontece de um mesmo sítio ser visitado mais de uma vez, e que em algumas dessas situações é notório o desgaste observado. Uma prova bem clara dessa situação foi o sítio arqueológico denominado de Cabra Bom 2, na margem da PI que liga Piracuruca ao Parque Nacional de Sete Cidades.

Na primeira visita em 2018, as pinturas já estavam bastante comprometidas em virtude das pichações, só é possível ver a arte rupestre a partir da aplicação de filtro da ferramenta DStrecth. Mas, o pior aconteceu em 2020, quando um raio destruiu por completo o painel onde estavam as pinturas.

Importância da base: o professor completa que a composição de uma base da dados com registros fotográficos e informações sobre os sítios arqueológicos é uma forma de preservação da memória dos registros rupestres, na medida que os mesmos ficam armazenados para a posteridade e disponíveis para consultas futuras.

De fato, a importância de uma base digital para observação das pinturas, aumenta conforme o crescimento da ameaça aos sítios arqueológicos. Uma outra vantagem segundo ele, é que a partir da base tem-se a oportunidade de conhecer as pinturas de um sítio sem precisar se dirigir até o local e isso também é um fator que colabora com a preservação das pinturas, pois evita o contato direto com os registros rupestres.

Publicações e ações: para um futuro próximo, a ideia é publicar um livro sobre o projeto, além da elaboração de cartilhas educativas para distribuir nas escolas dos municípios mapeados e da ministração de palestras tratando sobre a importância de preservação da arte rupestre. A base do Projeto Artes do Bitorocaia é particular e alimentada com recursos próprios, sem financiamento público ou privado, ressalta F. Gerson Meneses.

O projeto Artes do Bitorocaia pode ser acessada a partir do link abaixo:

Artes do Bitorocaia