Patronato Irmãos Dantas, quase 70 anos a serviço da educação piracuruquense

Uma escola que fez parte do início da minha vida de estudante. Foi lá onde tive a minha primeira professora, Dona Diva Fortes (in memoriam), lá pelo final da década de 1970. Saí de lá para o colégio Magalhães Filho, por ser mais perto de casa. Por coincidência, em 2003, quando lancei a Revista Ateneu nº 1, foi justamente o ano em que o Patronato Irmãos Dantas iria comemorar o seu Jubileu de Ouro, não pensei duas vezes em colocá-lo na pauta.

Irei então replicar aqui a matéria, que iniciava assim:

Uma missa em ação de graças e uma caminhada com alunos, ex-alunos, professores e a comunidade, pelas ruas de Piracuruca. Essa é a programação do Patronato Irmãos Dantas para o Jubileu de Ouro, comemorado em fevereiro de 2003.

Cinco décadas e milhares de alunos depois, o Patronato Irmãos Dantas prepara-se para essa data festiva como a escola de maior tradição e credibilidade. Segundo a diretora, Irmã Maria Berenice, a escola representa a cultura de Piracuruca por tratar com muito amor, justiça e fraternidade os alunos e professores.

Mais do que um colégio de freiras, o Patronato demonstrou ser durante esses anos um centro estruturador da fé cristã e da cidadania. Graças à existência de um grupo de estudos chamado Sementinha, criado pela Irmã Moura – superiora da congregação – três ex-alunos da escola são seminaristas. “Numa época dessas, onde há desconfiança em relação à igreja, aqui em Piracuruca se respeita a vida religiosa”, diz a diretora.

Em 2003, a escola tinha cerca de mil alunos, oferecia educação infantil (pré-escolar) e ensino fundamental completo (da 1ª à 8ª série).

História do Patronato:

Tudo começou com a Casa Amarela, construída por Álvaro Mendes de Morais, cujos vestígios de alicerces ainda podem ser identificados nos jardins da escola. Vendida em 1932 para Noé Fortes, ela foi, mais tarde, adquirida pelo pároco Monsenhor Benedito Cantuária de Almeida e Sousa e transformada em sede do Patronato Irmãos Dantas. Nesse período, a escola era administrada pela irmã do sacerdote, Olinda dos Santos e Silva.

Em 1953, chegaram ao município as irmãs da congregação de Santa Teresa de Jesus. Eram elas: Madre Dias, Madre Limeira, Irmã Rolim, Irmã Virgínia, Irmã Helena e Irmã Tarcísia.

Já no final do ano, segundo registros da própria escola, havia cerca de 197 alunas matriculadas, das quais 77 contribuintes e 120 não-contribuintes.

Havia, também, uma turma que funcionava à tarde para alunos carentes. Uma das professoras dessa turma foi Diva Alves Fortes de Morais. Apaixonada pela escola onde trabalhou trinta anos, Diva Fortes considera o Patronato a própria casa. “Lá era minha vida, meu refúgio, meu tudo. Uma das minhas maiores alegrias é que ensinei meus alunos e os filhos de meus alunos”, afirma a professora.

Destaca-se, também, nesse período, a criação de um internato para as alunas. As primeiras alunas do internato foram: Maria José Meneses, Salvina, Salete, Francisca Brito e Maria do Carmo Morais.

Em solenidades especiais, as alunas usavam a farda de gala. As freiras: Irmã Rolim, Irmã Jacinta, Madre Grangeiro, Irmã Coutinho e Irmã Conceição.

Ainda na década de 50, teve início a construção da Capela de Nossa Senhora de Fátima. Essa obra foi custeada graças a leilões, barraquinhas e também às mensalidades dos alunos. A imagem da santa foi uma oferta do político Antônio José de Sousa e de sua esposa Altair Mendes de Andrade à paróquia de Nossa Senhora do Carmo.

Com a morte de Madre Dias em 20 de dezembro de 1956, assumiu a direção Madre Grangeiro. O internato aumentou e surgiram novas internas: Maria Neusa Coutinho, Teresinha Neuma de Meneses, Antônia Alves Coutinho (que se tornou a Irmã Eudes), Geralda, irmã de Madre Grangeiro, Maria Lina Castelo Branco, Maria do Carmo Néri, Oscarina de Brito Fontenele, Francisquinha Brito e outras.

Foram construídos um pavilhão denominado Madre Dias e duas novas salas de aula. Madre Grangeiro foi sucedida por Madre Gurgel, outra grande referência na história da escola. De 62 a 65, a escola foi administrada pela irmã Maria das Neves.

Preparativos para a festa da páscoa em 1964. Professoras: Diva Fortes, Rita Trindade, Maria do Carmo Sousa (Dona Iaiá) e Maria do Carmo de Brito Fortes.
Em 1966, Irmã Grangeiro retorna e inicia em 1970 a demolição da parte velha.

No colégio, funcionavam diversos cursos como pintura, datilografia e bordado, em parceria com o Serviço Social da Indústria – SESI. Nesses cinquenta anos de historia, o colégio ficou sem irmãs apenas no ano de 1978; sob a direção da professora Maria Helena, sobrinha do pároco da cidade, Pe. Bossuet.

Em 1980, Madre Gurgel reassumiu a escola até sua morte em janeiro de 1991. Na época da matéria da Revista Ateneu nº 1, em 2003, a diretora era irmã Maria Berenice, que implantou as turmas de 5ª à 8ª série e era auxiliada pelas irmãs Lúcia e Amparo.

Vista do Patronato Irmãos Dantas. Nessa área aberta, que era conhecida como: “O morro do Patronato”, foi construída a Praça Madre Gurgel. (Fonte: Casa da Cultura de Piracuruca. Colaboração: Piracuruca Túnel do Tempo (Thiago Alves)).

Hoje,  de acordo com informações da coordenadora Ana Paula Gomes Pereira: “a diretora da escola é a Irmã Maria Zeneide Bernardo Torres, que faz parte da congregação das filhas de Santa Teresa. A escola funciona acolhendo alunos do 4º ao 9º ano“.

Irmã Maria Zeneide, atual diretora do Patronato Irmãos Dantas.

Acervo fotográfico da Professora Diva Fortes (in memoriam):

Na ata da fundação da escola, encontram-se as seguintes anotações:

“Aos vinte e quatro dias do mês de Fevereiro do ano corrente de mil novecentos e cinquenta e três, a cidade de Piracuruca, do estado do Piauí, recebeu com entusiasmo cristão, sete religiosas da Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus, acompanhadas de sua benemérita superiora-geral Madre Teresa Machado. Esta alma de incansável zelo pela glória de Deus, empreendera esta fundação confiando às suas filhas os destinos de uma nova casa, nesta cidade, accedendo assim a um convite do zeloso vigário, Revmo. Monsenhor Benedito Cantuária de Almeida e Sousa que em circunstancias melindrosas se dirigira a Congregação Diocesana das Filhas de Santa Teresa de Jesus, fundada na cidade do Crato, do Estado do Ceará…

As religiosas eram esperadas por regular número de fieis, tendo à frente o incansável vigário, que num gesto de bondade fraternal acolheu-as carinhosamente levando-as em primeiro lugar à Matriz…

Após um ligeiro repouso, o Reverendíssimo Monsenhor expôs as religiosas os problemas de sua paróquia, capazes de solução pela cooperação das Irmãs, frisando o ponto principal: que deviam continuar o movimento de ensino intelectual e profissional, como já há dois anos funcionava independente de qualquer auxilio de assistência pública…

Enfim, sem nenhum protocolo de etiquetas, fez o vigário, a entrega da aludida Instituição às religiosas Filhas de Santa Teresa. Em prosseguimento, as irmãs acompanhadas da criançada e Associações Religiosas da paróquia e elementos de destaque da sociedade local, previamente convidados, se dirigiram ao Patronato. Ali chegando, realizou-se a cerimônia, com a bênção da capelinha provisória e demais apartamentos reformados na memorável casa, concluindo com a benção do Santíssimo Sacramento.”


A professora Diva Fortes deu uma grande contribuição intelectual para a Revista Ateneu nº 1. Fica aqui o agradecimento a essa grande profissional que em muito contribuiu para a educação de muitas gerações de piracuruquenses.