No mês de julho de 2024, fiz algumas viagens para a região da foz do Rio Camurupim, no litoral do Piauí. Fui para os dois lados da foz: Praia da Barra Grande em Cajueiro da Praia e depois Praia do Macapá em Luis Correia. Destas idas e vindas com muitos depoimentos, passeios e fotografias, surgiram algumas matérias, como: passeio do Cavalo-Marinho, ilha das Garças Reais e a revoada dos Guarás.
Em uma destas ocasiões, estava eu em um dos bares da Praia do Macapá, contemplando a beleza do mar do Piauí. Foi quando alguns pequenos pontos no horizonte me chamaram a atenção, ao tentar focar com a câmera, vi que se tratava de uma estrutura bem semelhante aos destroços de um navio naufragado.
Bom, a tese de achar que tratava-se de um navio encalhado, se confirmou após ouvir o relato de Orlando Nunes. Orlando desenvolve atividades relacionadas ao turismo na área, disse ele que aqueles destroços eram de um navio chamado Simansur e que o episódio do encalhamento do navio havia acontecido em 1967. Orlando completa: “…o Simansur era da frota de navegação Mansur Ltda. e encalhou quando transportava 200 toneladas de sal, de lá não saiu mais.”
Através do fotógrafo Adriano Vasconcelos, que também participou de uma das viagens, tive acesso ao trabalho acadêmico: Acidentes com Embarcações no Litoral do Piauí: Possibilidade de diálogo entre geografia e história ambiental. Artigo escrito por Elisabeth Mary de Carvalho Baptista e Tamires Soares do Nascimento, em 2015 e que foi publicado no Journal of Social, Technological and Environmental Science (1).
O trabalho acima, destaca 25 acidentes com embarcações que ocorreram no litoral do Piauí, no período entre os séculos XIV ao XXI. Além do citado navio Simansur, em 1967, destaca também os seguintes:
- o primeiro acidente que se tem relato, que foi o naufrágio da caravela comandada pelo navegador português Nicolau de Rezende no Delta do Rio Parnaíba em 1571;
- o navio cargueiro paulista Lestemar, que encalhou e incendiou na Praia do Coqueiro 1950;
- o submarino alemão U – 507, que foi afundado a partir do bombardeio de um avião norte-americano em 1943, apesar de algumas contradições sobre o local exato, uma das teses é que também ocorreu no litoral do Piauí, acontecimento em plena Segunda Grande Guerra.
Sobre as condições de navegação no litoral do Piauí, as autoras do artigo citado acima, salientam que:
“O litoral piauiense tem uma profundidade relativamente pequena e esta característica poder ter ocasionado vários desses acidentes, pois grandes embarcações navegaram por ele desconhecendo o perigo. Por isso os acidentes foram em sua maioria encalhe e naufrágio.”
Assim, depois de tanta história, é hora de ir até o Simansur para ver os destroços de perto, para isto, Orlando Nunes levou a todos na embarcação Dana Banana. Lá, Adriano Vasconcelos fez os seguintes registros:
No passeio até o Simansur, participaram também: Fernanda Martins, Hanna Orsano e Márcia Kelly. Vídeo produzido por Adriano Vasconcelos.
Depois do Simansur, foi a hora de conhecer um outro navio encalhado.
Contato para passeios:
Orlando Nunes: (86) 99486 -6666
Instagram: @mansaoguara
Referências:
1 – Link para o artigo: https://revistas2.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/article/download/1296/1191/3644
Links citados:
O indescritível espetáculo da revoada dos Guarás, na foz do Rio Camurupim – litoral do Piauí
A diversidade de aves na foz do Rio Camurupim, Ilha das Garças – litoral do Piauí
O avistamento do Cavalo-Marinho a partir de Barra Grande, no litoral do Piauí