Expedito, o caçador de lobisomem

Durante a Expedição “Rio Piracuruca – Explorando o Grande Lago”, ocorrida entre os dias 19 e 21 de julho de 2024, pernoitamos na localidade Estreito, fomos acolhidos pelo Sr. Joel, lá fizemos nossas refeições e dormimos em uma barraca de pescador, para no dia seguinte, pegar os caiaques e continuar nossa empreitada até o sangrador da Barragem.

O Estreito fica no quilômetro 19, a partir da ponte da BR 222. Foto: Chrystian Oliveira.
Caiaqueiros Gerson e Ulisses, se aproximando da parada do Estreito. Foto: Celestino Júnior.
Sendo recebido pelo Sr. Joel, na localidade Estreito. Foto: Celestino Júnior.

Foram ao todo 30 km de remo, entre a ponte da BR 222 e o sangrador da Barragem, uma expedição científica que tinha como principais objetivos: mapear os afluentes, registrar elementos da fauna e da flora e vivenciar um pouco do cotidiano das comunidades ribeirinhas…e assim foi feito.

Em tempo 1: o material da expedição está disponível logo no final deste texto, em forma de documentário.

Explorando o Grande Lago. Foto: Chrystian Oliveira.

Bom, foi na localidade Estreito que conheci um homem de muitas histórias, Sr. Expedito e sua esposa Dona Rosa, residem em Barras – Piauí e costumam se arranchar no Estreito para pescar e lá passam alguns dias.

Sr. Expedito e Dona Rosa, por trás está o barco que usam nas pescarias. Foto: F Gerson Meneses.
São muito simpáticos e logo se enturmaram com a equipe da expedição. Da esquerda: Curiólogo (terra), EXPEDITO, Gerson (remo), ROSA, Débora (terra) e Ulisses (remo).
Fim de tarde no Estreito. Foto: F Gerson Meneses.

No pernoite, fizemos uma roda de conversas ao redor de uma fogueira e em uma noite de lua, onde rolou vários tipos de conversas, entre tantas, Sr. Expedito nos falou das suas experiências com as “coisas do além”, principalmente o tal LOBISOMEM.

Noite de lua no Estreito. Foto: F Gerson Meneses.
Sr. Expedito, Dona Rosa e Eu.

Entre muitas conversas, sobre coisas sobrenaturais e assombrações, o Sr. Expedito me relata encontros com o lobisomem:

“a primeira vez aconteceu há mais de 10 anos, quando eu estava no Maranhão, o pessoal lá dizia que a noite aparecia uma coisa que mexia com as pessoas, com os animais…nesse tempo eu era novo e nunca tive medo de nada… eu falei que se tivesse um companheiro eu iria descobrir que bicho era esse…disseram que se eu tivesse coragem era para eu ir para tal lugar, apareceu um companheiro e eu fui com ele…quando chegamos lá, o caminho fazia um cruz, era uma encruzilhada…ficamos na espera, a hora certa que ele costumava passar era por volta da maia noite…quando de repente vem o atropelo de lá pra cá, o bicho caminhava e de longe a gente escutava as patadas…ele veio e quando chegou a uma distância de 5 metros ele parou e nós vimos, era um animal de pouco mais de 1 metro de altura, preto e grosso…eu falei para o companheiro: o bicho é aquele, arrocha fogo…tentamos atirar por várias vezes e bateu catolé da arma…estávamos com faca e fomos pra cima dele, era um animal muito violento, não conseguíamos furar ele…a busca dele é pra passar por cima de nós…fomos lá e fomos cá com esse bicho, mais de 20 minutos lutando, ele todo tempo querendo pular por cima de nós e ninguém nunca encontrava ele na ponta do ferro (faca), até que ele disparou e saiu correndo e nós fomos se embora.”

Inusitado foi o que aconteceu no dia seguinte. Sr. Expedito continua:

“…perguntaram pra gente e a gente contou da luta e que não conseguimos matar o bicho…quando de repente chegou um sujeito alto e moreno, que todo mundo do lugar tinha suspeita dele…que ele se transformava em lobisomem, pois era estranho e quando ele chegava em um açougue ele comia até carne crua, peixe cru, para todo mundo ver. Quando ele chegou, apontou pra mim e disse: – tu é um cabra violento e ligeiro né! Eu perguntei: – por que você diz isso? Ele disse: – tu pensa que eu num ti vi ista noite? A tua história era só dizendo atira, atira! Eu falei: – eu tava esperando o lobisomem que está assustando o povo daqui! Ele disse: – rapaz, deixa esse negócio de lobisomem, que não existe lobisomem não, aquilo era uma porca e eu estava lá atrás dela! Eu disse: – não, lá não tinha porco, só tinha um animal! Ele saiu dizendo: – eu vi tudo lá, tua coragem! E saiu. Daí em diante, o pessoal lá, passou a ter a certeza que ele era o lobisomem, que assustava o povo lá da região, daí em diante ele se aquietou e não aperreou mais por lá…Daí eu digo, o bicho é real, lobisomem existe! Eu vi e lutei contra ele!” Sr. Expedito.

Tempos depois, já no município de Barras, Sr. Expedito teve outro encontro com o lobisomem, disse ele: “eu estava botando sentido em uns peixes de madrugada e o bicho apareceu, foquei a lanterna e vi, dessa vez ele não quis vir pra briga comigo, era do mesmo jeito do outro, até a pisada era a mesma!”.

Amanhecer no Estreito. Foto: F Gerson Meneses

Material sobre a Expedição: