QUEM NÃO TEM PASSADO NÃO TEM HISTÓRIA, E A NOSSA HISTÓRIA É REAL E VERDADEIRA.
Nazareno Santos
Em 17 de outubro de 2021, na Praça Irmãos Dantas em Piracuruca, durante evento de revitalização da Banda de Música de Piracuruca, o músico Nazareno Santos abrilhantou o evento cantando o hino do Clube do Remo Futsal. No entanto, Nazareno mais do que cantou, presenteou a todos que compareceram ao evento com um emocionante relato sobre a história da Banda Os DRAGÕES 6, da qual ele é um dos principais componentes.
Na mesma noite tive o prazer de guardar um registro fotográfico para a posteridade, uma lembrança, ao lado de Fernando, Nazareno e Difi, três dos integrantes da Banda musical que mais marcou a minha vida e com certeza, de muitos piracuruquenses. Logo abaixo um resumo da história da Banda os DRAGÕES.
O fruto de uma promessa, assim, no início dos anos 1960 em Piracuruca, começa a história de uma das maiores bandas musicais que já tocaram em palcos brasileiros, principalmente no norte/nordeste. A partir dessa promessa, foi plantada a semente para a criação da Banda Os Dragões 6, que em seguida começou a espalhar o seu som, que alegrou várias gerações, protagonizou encontros que viraram famílias, promoveu espetáculos, marcou época, emocionou e permanece viva e ativa. Tudo isso como resultado do legado de um entusiasta da música, um homem que pensava além do seu tempo e conseguiu disseminar a paixão pela música em todos os seus filhos. Falamos aqui do Sr. João Mariano dos Santos, conhecido como João Perninha.
João Perninha e sua esposa Zilda Oliveira (ambos falecidos) tiveram 8 filhos.
Nas primeiras alvoradas, João Perninha contou com a colaboração de alguns músicos da capital, Teresina, são eles: Tenente Geraldo do exército que tocava sax-alto; o Maestro da banda, o Sr. Francisco (Chico Quiabo) que era Sargento da Polícia e tocava Trombone; o Tenente Jônatas que tocava Tumba ou Tuba “o contrabaixo da época”; e finalmente, o Sargento Luiz que tocava Trompete ou Pistom.
Já os músicos de Piracuruca eram: Nascimento, o primeiro Baterista; Fransquinho Sapateiro, tocava sax-alto; Augusto, tocava sax-tenor; Adelino Fortes, tocava sax-alto; Chico Luz, tocava sax-alto; Zé do Culi, tocava Pandeiro; além do próprio João Perninha que começou tocando Pistom depois Trombone (todos esses já falecidos), havia também Toinho, que tocava pistom.
Aos poucos, na medida que foram crescendo, os filhos de João Perninha foram tomando assento e assumindo seus postos na Banda: Nazareno, começou batendo cabaças ou maracas, logo passou a ser Baterista; Difi, que começou batendo pandeiro, logo passou a tocar sax-alto e Fernando, já entrou tocando pistom.
A partir de então, surgiu a ideia de criar um Conjunto Musical e assim, tocar em festas e bailes em Piracuruca e região. Para isso, João Perninha contou com a ajuda de amigos empresários e comerciantes da cidade de Piracuruca, entre eles o Sr. Antônio de Pádua e o Sr. José Brito, a intensão era comprar os primeiros instrumentos musicais: bateria, guitarra, contrabaixo e caixas de som. Foram ao Banco do Brasil, e através do gerente Sr. Carlos Pádua, adquiriram os melhores instrumentos da época, das marcas Sonelle e Giannini. O primeiro nome dado ao conjunto foi os PERNINHAS.
A primeira formação que começou a difundir a Banda, contava com os seguintes músicos:
Nazareno (baterista e cantor), Fernando (pistom), Difi (sax-alto e cantor), Fransquinho Sapateiro (sax-alto), João Perninha (Pistom), Heraldo (cabaças, depois tecladista), Alexandre (guitarra), João do Agripino (contrabaixo), João do Dodô (pandeiro) e Zé Arcanjo (controlista de som e cavaquinho). Posteriormente, Valdir (contrabaixo e cantor) e Caranguejo (guitarra).
Destaque também para outros músicos que tocaram na Banda ao longo da história:
Sanfoneiros (Raimundo do Inácio, Napú e Guido);
Guitarra (Melo, Zé Maria Meneses, Chaguinha, Zé Chico, Zé do Baixo);
Cantoras (Darluz, Maria de Jesus, Márcia, Socorro, Kika, Raquel, Fransquinha do Inácio, Glória, Teresinha, Ângela e Deuza);
Bateristas (Delvane, Wagner Santos, Zé Neto e Isaías);
Cantores (Charles, Mardoqueu, Jó, Lobão, Neto, Guga, Rocha, Pascoal, De Ouro e Fábio Lima);
Pistom (Justino);
Contrabaixo (Neguinho beija-flor);
Percussão (Pelé, Isac e Douglas).
Na busca por um centro maior, onde tivesse mais visibilidade e possibilidade de mais contratos, a Banda mudou-se oficialmente de endereço, de Piracuruca para Piripiri, em 11 de junho de 1971. O fato se deu em virtude de um convite do Sr. Murilo Rezende, que era o secretário de obras do governo Alberto Silva na época, depois foi Deputado Federal. Zé Perninha, um dos filhos de João, trabalhava com Murilo Resende.
Em Piripiri, a Banda Os DRAGÕES foi recebida de braços abertos pela população, e a partir de então, ficou conhecida como: Os DRAGÕES DE PIRIPIRI e marcou o seu nome nas atividades culturais dessa cidade, se apresentando em locais como:
Casa de Pedras, Beira Asfalto, Brogodó, Palhoça do Zé Furtado, Palhoça São Francisco, o Cassino 4 de Julho e Baratão. E tocando em bailes como: Festa das Rosas, festa da Melancia, festa do Arroz, Baile de Debutantes, Carnaval da saudade.
Destaque para o grande Baile da Saudade, que durou 32 anos, sempre animado pelos DRAGÕES, na AABB de Piripiri. Festa criada pelo Sr. Brandão e organizado pelo colunista social Antônio Neto.
Animou os blocos carnavalescos: Amarelinhas, Lolitas, Última Hora, União Baleia, Pedra, Gororobas, Legião dos Pecadores, Marotas, Tesourão. E em Piracuruca, os blocos Xandanca, Pelanca, Massa Real e a animada Turma da Meri.
Muitos artistas famosos do cenário nacional, compartilharam o mesmo palco e se apresentaram com a Banda Os DRAGÕES, dentre eles: Nelson Gonçalves, Jessé, Antônio Marcos, Francisco Petrônio, Alípio Martins, Wando, Dominguinhos, Reginaldo Rosse, Gilliard, Banana Split, Ivanildo (o sax de ouro), Lázaro do Piauí, Roberto Muller, Rubãm, Pinduca, Benito de Paula, Gretchen, Biafra, Silvinho (Banda Absinto), Agnaldo Timóteo, Zé Orlando, Bartô Galeno, Carlos Gonzaga, Almir (Feveres), Renato Terra, Elza Soares, Rodrigo Faro em um baile de debutantes no iate clube de Teresina e Renato e seus Blues Caps.
De acordo com Nazareno Santos, o segredo para toda essa história, que ainda abrilhanta os palcos por onde passa é: “A nossa base que foi bem-feita, com muita humildade, e sempre com os pés no chão. Respeito ao nosso público, amigos e fãs e muita fé em Deus.”
Fonte:
Nazareno Santos