Luis Correia – Piauí é muito mais do que praia, tem pinturas rupestres e uma zona rural exuberante, repleta de belezas naturais

O litoral do Piauí ocupa uma pequena faixa de 66 km distribuídos em 4 municípios: Ilha Grande do Piauí, Parnaíba, Luis Correia e Cajueiro da Praia. É um litoral pequeno em vista aos demais estados litorâneos do Brasil. No entanto, reserva lugares diferenciados, belos e marcantes. São 66 km de grande valor para os moradores, turistas, praticantes de esportes e apreciadores da natureza.

Mapa dos municípios que compõe o litoral piauiense e o percentual aproximado de beira mar que cada um possui.

Dentre os 4 municípios citados, aqui destacarei Luis Correia, o município tem uma população estimada de 30.558 e uma área de 1.074,132 km² (IBGE, 2021). É o segundo mais populoso e o que tem a maior área geográfica do litoral piauiense, inclusive, como vimos acima, ocupa a maior área de praia, com cerca de 40 %, dos 66 km do litoral do Piauí.

A cidade de Luis Correia é um destino turístico conhecido pelos piauienses, recebendo também pessoas de outros estados do Brasil e também de outros países. Praias como Atalaia, Peito de Moça, Coqueiro, Itaqui, Arrombado, Macapá e Maramar, são paradas constantes para quem vem visitar o litoral do Piauí.

O pôr do sol na praia de Atalaia.
A prática do kitesurf na Praia do Coqueiro.
Ao fundo, o farol na Praia do Itaqui.
A fauna da praia do Macapá.

=> Porém, Luis Correia não é só praia!!!

E para comprovar isso, no dia 18 de setembro de 2022, tive a oportunidade de conhecer um outro lado de Luis Correia, não tão badalado e conhecido como as praias, mas que revela uma mistura de trilhas de aventura, serras, arqueologia, mistérios, belezas naturais e a rusticidade de uma área rural diferenciada.

A via principal do percurso foi a PI 309, uma das mais belas rodovias do Piauí, com paisagens deslumbrantes.
Aqui a Igreja de São Francisco, datada de 1940, na localidade Brejinho, margem da PI 309.

Fui ciceroneado pelo professor Antônio José, que também é escritor, poeta, pedalante, e em todas as atividades que exerce, costuma exaltar a sua região e sente prazer e entusiasmo em mostrar as belezas e peculiaridades da comunidade onde mora, que é a localidade Campestre.

Professor Antonio José alimenta o Canal “Antônio José Sales” no youtube, com vídeos sobre a região, aviação… (https://www.youtube.com/c/AntonioJos%C3%A9Sales).

Aqui uma conversa com o professor Antônio José, já combinando a rota da trilha e me apresentando um intrigante artefato encontrado na região, na margem de um riacho chamado Cajazeiras, trata-se uma espécie de gamela primitiva, talhada em pedra (em destaque na foto).
Campestre foi o ponto inicial de nossa aventura pelo interior de Luis Correia.

O objetivo da expedição que denominamos Rota das Pedras, foi visitar alguns locais do interior de Luis Correia onde ocorrem pinturas rupestres para adicioná-los à plataforma do Projeto Artes do Bitorocaia e também a gravação de um vídeo documentário, para o Canal Check’in Aventura (link no final do texto).

Os dois sítios visitados na Expedição Rota das Pedras (Rufo e Quicé), foram os mais próximos do litoral que já visitei até o momento, aproximadamente 27 e 20 km do litoral, respectivamente.

Além disso conhecer a tão propagada Pedra do Sino. Assim, fomos primeiro à localidade Rufo, conhecer as pinturas rupestres na margem do Rio Ubatuba, de lá formos à Pedra do Sino e por último encerramos na localidade Quicé, onde documentamos mais um painel com pinturas rupestres. Vejamos a seguir todas a paragens:

=> Sítio Arqueológico Rufo

Seguimos a princípio de moto pela PI 309, direção norte até a localidade Rufo, pegamos uma estrada vicinal, deixamos a moto e seguimos em trilha até a margem do Rio Ubatuba, esse rio dividi os estados do PI (Luis Correia) e CE (Granja).

Trilha na margem do Rio Ubatuba, acesso difícil, muitos maribondos e o cuidado com cobras.
Encontramos esse belo animal, uma cobra de cipó.
Fotografando as primeiras pinturas do Sítio Rufo.
Antonio José e F Gerson Meneses, no painel principal do Sítio Rufo.

No local, que fica a cerca de 27 km (em linha reta) do litoral, encontramos pelo menos três pequenos painéis bem próximos, algumas pinturas já danificadas.

O link para as demais pinturas rupestres do Sítio Rufo, assim como o mapeamento para o Projeto Artes do Bitorocaia estão logo no final desse texto.

=> Pedra do Sino

Depois de registrar as pinturas do Sítio Arqueológico Rufo, fomos em direção sul, até a comunidade Brejinho, margem da PI 309, o objetivo agora era conhecer a tão falada Pedra do Sino, de acordo com o Professor Antônio José Sales:

“ao batermos com outra pedra, a Pedra do Sino emite um som bem similar ao do sino de uma igreja, é um mistério que ninguém sabe como ocorre o fenômeno”.

Antônio José Sales aponta a Pedra do Sino, que fica na Serra do Brejinho. Seguimos em trilha por cerca de 1 km.
A trilha é curta, mas cansativa e difícil, na medida que começamos a subir a Serra.
Avistando a Pedra do Sino, chegamos no pior trecho da trilha.
Finalmente chegamos ao topo.
Podemos contemplar uma vista exuberante. Em dias de céu limpo, a vista alcança as dunas, na beira mar.
A Pedra do Sino está a aproximadamente 40 km do litoral piauiense.
Imagem a partir de drone, da Pedra do Sino, vê-se que o local é cercado por Serras. Aqui já faz parte do complexo de Serras da grande Serra da Ibiapaba. Também se percebe a superfície irregular que predomina a Serra onde fica a Pedra do Sino, com várias pedras soltas.
Aqui fazendo “badalar” a Pedra do Sino, é realmente uma experiência única.

=> Sítio Arqueológico Quicé

Finalmente partimos para próximo à divisa com o município piauiense de Bom Princípio, a meta é conhecer mais um sítio com pinturas rupestres. Fica da localidade de nome Quicé.

Chegando até o Sítio Arqueológico da Pedra do Quicé.
A pintura da Pedra do Quicé. Destaque para o realce, com o uso da ferramenta DsTrech.

Encontramos o Sítio Arqueológico que fica a cerca de 20 km (em linha reta) do litoral. Um único painel com uma pintura abstrata com traços muito bem elaborados, pintado em um rocha do tipo quartzito granulado, típica do litoral. Muito desgastada, essa pintura ainda resiste em virtude de estar sobre uma grande depressão na rocha.

O link o Sítio Quicé, assim como o mapeamento para o Projeto Artes do Bitorocaia está logo no final desse texto.

=> Valeu a pena

Ao todo, percorremos cerca de 60 km, alternando entre moto, carro e trilha a pé. Uma aventura surpreendente, voltei satisfeito e com a sensação de muito aprendizado, realmente é uma região muito bonita e que se for bem explorada com a promoção do turismo rural e de base comunitária, trilhas de aventura, esportes na natureza, etc…tudo feito de forma sustentável e estruturada, pode resultar em grandes ganhos para as comunidades rurais de Luis Correia – PI.


=> Imagens das pinturas dos sítios visitados:

Sítio Rufo – Luis Correia – PI

Sítio Quicé – Luis Correia – PI

=> Vídeo documentário: