Realizei juntamente com Osiel Monteiro (Curiólogo das Sete Cidades) a Expedição Caminhos da Ibiapaba – Na Rota dos Comboieiros. Partimos do Parque Nacional de Sete Cidades no Piauí e cerca de 140 km depois, chegamos ao Parque Nacional de Ubajara no Ceará. Terminamos a missão no dia 28 de abril de 2024, todo o material da expedição está sendo disponibilizado em forma de documentário de 3 episódios de vídeo para o canal http://www.checkinaventura.com e em texto aqui no Portal Piracuruca.
O caminho foi percorrido em um Jeep Willys 1969 e seguiu as primitivas rotas dos comboieiros, comerciantes que movimentavam o comércio em tempos pretéritos, levavam e traziam mercadorias entre o Piauí e o Ceará. Uma antiga trilha que está dentro da Área de Proteção Ambiental – APA Serra da Ibiapaba e agora está sendo revitalizada, com planos de ser explorada de maneira sustentável, unindo estes dois Parques Nacionais.
Com tantos depoimentos, imagens, experiências e vivências dessa inesquecível aventura que busca contar a saga dos comboieiros pelo sertão, passamos por lugares bem marcantes, entre tantos, aqui eu gostaria de destacar o Distrito de Santo Antônio da Pindoba, que está distante cerca de 22 km da cidade piauiense de São João da Fronteira e a 38 km do nosso destino final que é o Parna de Ubajara.
Portanto, Santo Antônio da Pindoba é um local estratégico na rota dos comboieiros, por estar na subida da Serra da Ibiapaba. Localizado no meio do sertão entre o Piauí e o Ceará, o Distrito da Pindoba era um importante ponto de parada, descanso e apoio para os comboieiros e seus animais, era um “oásis” após um longo caminho trilhado e que ainda estava por vir.
Em tempo: pela sua localização, Santo Antônio da Pindoba está diretamente ligada a uma questão secular entre o Piauí e o Ceará, o distrito está no meio da área de litígio. A área de litígio é uma extensa faixa de terra entre o Piauí e o Ceará. Uma disputa que depois de décadas, está prestes a ser resolvida.
Atualmente, o Distrito da Pindoba está ligado ao município de Ibiapina no Ceará, tem uma comunidade receptiva e amiga, que me acolheu muito bem durante a minha passagem, me fornecendo abrigo, refeição e informações sobre os antigos comboieiros, aqui destaco a Sra. Francisca de Sousa Alves Barbosa (Dona Nega) e o disposto Tião.
No entanto, me chamou a atenção a aparente falta de zelo com que se encontra alguns bens públicos do distrito, parece mal cuidado e de certa forma esquecido pelos gestores públicos. Como exemplo, uma quadra poliesportiva em escombros. Convenhamos que para uma praça desportiva dessas, chegar nesse estado de abandono, não foi do dia para a noite, com certeza foi se acabando por muitos anos, até ficar nesta situação.
Após Santo Antônio da Pindoba, a rota segue para o Boi Morto e finalmente o Parque Nacional de Ubajara.
Em tempo: As discussões sobre o litígio entre o Piauí e o Ceará não devem envolver somente áreas produtivas, parques geradores de energia, terras férteis e economicamente viáveis. Os gestores do Piauí e o do Ceará têm que voltarem o olhar também para comunidades em área de litígio, que historicamente, muitas das vezes, vivem distantes de benfeitorias e investimentos públicos. Torço para que toda essa questão de litígio seja logo resolvida, comunidades como a de Santo Antônio da Pindoba precisam disso. Os gestores envolvidos na questão precisam ter atenção principalmente pelas pessoas e não somente pelas coisas.
