O recém inaugurado asfaltamento do trecho de 29 km, da rodovia que liga o município de Bom Princípio do Piauí à PI 301, já bem próximo de Cocal – Piauí, facilitou o trânsito naquela região. É uma rodovia que passa por diversas comunidades, entre elas destaco o Córrego dos Cardoso, zona rural de Bom Princípio do Piauí e a localidade Frecheiras de São Pedro, zona rural de Cocal – PI.
Igreja de Santo Antônio de Pádua, comunidade Córrego dos Cardoso, município de Bom Princípio – PI. Igreja datada de 1959.Igreja de São Pedro, comunidade Frecheiras de São Pedro, município de Cocal – PI. Igreja datada de 1956.
É sobre essa última, a comunidade Frecheiras de São Pedro, que dedicarei esse texto, principalmente sobre o seu hoje fragilizado patrimônio ferroviário. O povoado foi um ponto importante de passagem do trem durante cerca de 70 anos, tempo em que a ferrovia ficou em atividade.
Vista aérea da comunidade na margem da rodovia, onde se ver a igreja de São Pedro logo acima e abaixo o que ainda resta da Estação Ferroviária de Frecheiras, com os trilhos passando ao lado. Foto: F Gerson Meneses.
O patrimônio ferroviário de Frecheiras de São Pedro tem um símbolo grandioso, uma hoje centenária Estação Ferroviária datada de 1923. O prédio da Estação Ferroviária de Frecheiras foi inaugurada em 22 de janeiro de 1923. Segundo nota abaixo, o prédio foi construído pelo Dr. Eurico Salles de Macedo.
Recorte de 23 de janeiro de 1923, do Diário de São Luiz, fala da inauguração da Estação de Frecheiras, como ocorrida às 16h do dia anterior, no caso (22/01/1923). A nota diz ainda também que a Estação de Cocal estava com as obras adiantadas. Recorte enviado por Marcos Morais.
A Estação de Frecheiras marcava a expansão da Estrada de Ferro Central do Piauhy até aquele momento, antes dela, já tinha sido construída a de Bom Princípio do Piauí e 12 km e depois dela, iria ser construída a Estação de Cocal.
Estação de Bom Princípio do Piauí, datada de 1922, prédio usado pela administração municipal.Estação de Cocal, datada de 1923, prédio também usado pela administração municipal.
Em tempo: No final dessa matéria tem o link para a matéria “Sr. Raimundo Luiz de Carvalho, o guardião do patrimônio ferroviário de Bom Princípio do Piauí”, que fala sobre a importância da Ferrovia para a cidade de Bom Princípio do Piauí. Também tem o link para o vídeo sobre a “A história de Cocal da Estação”, que está diretamente relacionada com a passagem do trem pela cidade.
Bom, a Estação de Frecheiras não teve a mesma sorte das Estações de Bom Princípio e de Cocal, de ter o prédio restaurado e sendo aproveitado pela comunidade, o que pude ver em Frecheiras foi uma total desolação e abandono, o velho prédio está infelizmente prestes a ruir.
Vista aérea do prédio da Estação Ferroviária de Frecheiras, está sem teto, sem portas e janelas. Foto: F Gerson Meneses.De acordo com o depoimento de alguns moradores, o movimento nessa estação era intenso na época do trem, pequenos produtores de toda a região traziam seus produtos, animais, legumes, verduras, para serem transportados pelo trem e comercializados, principalmente em Parnaíba. Ainda segundo eles, durante algum tempo, o movimento em Frecheiras de São Pedro passou a ser maior até que a própria sede da cidade de Cocal, em virtude da passagem do trem.
No entanto, não é só a Estação Ferroviária o único patrimônio ferroviário de Frecheiras de São Pedro, pois, a localidade fica a poucos metros da margem do Rio Pirangi, local onde ainda resiste uma antiga ponte usada para a passagem do trem.
Ponte Ferroviária sobre o Rio Pirangi, com a desativação da ferrovia, essa ponte foi adaptada para a passagem de outros veículos.Vista aérea da ponte sobre o Rio Pirangi, aqui passava o trem da Estrada de Ferro Central do Piauhy. Foto: F Gerson Meneses.Aqui na companhia da professora Andréia Maria, diretora da Escola da comunidade Olho D’água, próximo a Frecheiras de São Pedro. Ao fundo, o leito do Rio Pirangi.
A comunidade de Frecheiras de São Pedro foi uma das mais afetadas com o rompimento da Barragem de Algodões, que represava as águas do Rio Pirangi. O fato se deu em 2009, mas ainda está marcado literalmente na mente dos moradores.
Ainda persiste a marca do nível da água nas paredes das casas da comunidade e também na Estação Ferroviária, muita coisa foi perdida na inundação. Foto: F Gerson Meneses.Nível onde a água chegou na enchente de 2009. A pesar da enchente, o velho prédio da Estação ainda se mantém de pé. Foto: F Gerson Meneses.Ademais, aqui o jovem Davi, estudante do ensino fundamental e morador ao lado da Estação, representa o desejo de alguns moradores de ver o antigo prédio restaurado e servindo à comunidade. Foto: F Gerson Meneses.
F Gerson Meneses é natural de Piracuruca – PI, professor de informática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFPI / Campus Parnaíba – Piauí; Pós-Doutorando em Arqueologia; Doutor em Biotecnologia; Mestre em Ciência da Computação; Especialista em Banco de Dados e em Análise de Sistemas; Bacharel em Ciência da Computação; Pesquisador em Computação Aplicada, destaque para pesquisas na área de Computação Visual com temas voltados para a Neurociência Computacional, onde estuda padrões em imagens do cérebro e Arqueologia Computacional, com estudos destinados ao realce, segmentação e vetorização de imagens de arte rupestre.
Escritor e poeta, colaborador do impresso "O Piagui" e de várias coletâneas, entre elas o "Almanaque da Parnaíba" e a série "Piauí em Letras".
Autor de várias obras, destaque para o livro "Ensaio histórico e genealógico dos Meneses da Piracuruca" (2022).
É idealizador e mantenedor do Portal Piracuruca (www.portalpiracuruca.com) e do periódico impresso Revista Ateneu (ISSN 2764-0701). Ambos os projetos existentes desde 1999 com a mesma finalidade, que é divulgar a exuberância de cenários, a cultura, a história, os mistérios, a pré-história, as lendas e as curiosidades do Piauí.
Desenvolve desde 2018 o Projeto Artes do Bitorocaia (www.portalpiracuruca.com/artes-do-bitorocaia/) que tem por objetivo o mapeamento e catalogação dos sítios arqueológicos com registros rupestres existentes na área da bacia do Rio Piracuruca.
