Literatura de Cordel: Eu fui chamado de Bairrista. Pois sou Bairrista sim senhor!

Eu fui chamado de bairrista
e devo agora concordar,
pois ao falar do meu rincão,
as maravilhas vou exaltar.
No Piauí começou o mundo
e é aqui que ele ia acabar.

Quando Deus criou Adão,
à sua imagem e semelhança,
teve a certeza de que aqui
não iria ter lambança.
Pegou a Eva e deu a eles,
de tucum, uma aliança.

E na Serra da Capivara
começou a humanidade.
Sem serpente nem maçã,
só paz e felicidade.
O paraíso é aqui,
desde a antiguidade.

Uma ruma de gente, então,
Espalhou-se pelo mundo,
do mais rico e poderoso,
até o simples moribundo.
Daqui viajaram do espaço
até as águas do mar profundo.

Inventaram muita coisa:
roda, carro e avião.
Inventaram até o trem
que apita na estação.
E quando chegaram à lua,
foi uma grande emoção.

E veio de lá para cá,
lá do sul para o litoral,
surgindo gente importante,
de destaque mundial.
Nasceu Cristóvão Colombo
e Pedro Alvares Cabral.

Aqui se inventou a escola,
Bom Jesus a plantação.
A energia do mundo todo
em Guadalupe a geração.
A medicina do Piauí
curou toda a população.

Onde hoje é Oeiras,
a primeira música tocou.
Em Floriano, o comércio
foi lá que começou.
E em Picos o transporte,
lá o primeiro carro rodou.

O mundo também tinha
uma capital grandiosa.
Era a bela Teresina,
uma cidade calorosa.
As decisões de todo o mundo
eram tomadas numa prosa.

Daqui surgiram os artistas
dotados do dom da arte,
seja no humor, pintura ou teatro,
artesanato em toda parte.
Fizeram uma exposição
para os et’s lá em marte.

E foi em Campo Maior onde
se inventou a culinária.
Lá o mundo foi invadido
e teve uma grande batalha,
lutou o novo e o velho,
gente de toda faixa etária.

As primeiras Olimpíadas
foram lá em Piripiri
e os maiores atletas
começaram por aqui.
Do futebol ao karatê,
o atletismo e até ski.

José de Freitas e União,
plantação e eficiência,
Barras e seus poetas,
Castelo é imponência,
Batalha e Esperantina,
cachoeira de excelência.

Tinha um local solene,
era o centro religioso.
Piracuruca esse lugar,
um templo majestoso.
Em Sete Cidades vivia,
um povo misterioso.

No litoral nasceu Noé,
marceneiro de qualidade,
que sonhou com o dilúvio
e já com avançada idade
construiu uma arca
e salvou a humanidade.

Faltou falar da política,
acho que é só o que resta,
agora tem um problema:
pra conhecer gente honesta,
preste atenção que caráter
não está escrito na testa.

F Gerson Meneses – Piracuruca-PI, 19/6/2018