Imponentes afloramentos rochosos de cor predominantemente amarelada destacam-se da paisagem plana das cercanias do povoado serrano Lapa, situado a 72 km a sudeste do município de Pedro II, norte do Estado. São rochas da Formação Cabeças, pertencentes à Bacia Sedimentar do Parnaíba, constituídas basicamente de arenito, conglomerado e siltito.
Situado nos domínios da serra da Lapa, o isolado povoado é vizinho da zona de litígio Piauí-Ceará.
ARENITOS DA SERRA DA LAPA
Diferentemente das regiões vizinhas, a maioria desabitadas, inóspitas e de vegetação ressecada, Lapa possui várias providenciais nascentes que garantem a permanência e a subsistência de seus 300 moradores em lugar tão ermo e distante. Ainda assim, o êxodo rural por lá é grande, e esta população vem diminuindo substancialmente por falta de oportunidades. Os mais jovens migram inexoravelmente para os centros urbanos mais desenvolvidos.
CASAS DO POVOADO LAPA
Os abrigos e tocas dos pitorescos afloramentos areníticos em forma de ruinas, praticamente dentro da vila, estão repletos de pinturas vermelhas retratando vários motivos e temas. Não é preciso se afastar das casas para uma pesquisa profunda.
AFLORAMENTO RUINIFORME DO POVOADO LAPA
OS ABRIGOS DECORADOS ESTÃO DENTRO DO POVOADO LAPA
Impressionante é a vivacidade dos tons avermelhados das multimilenárias pinturas rupestres. Um inexperiente diria que as pinturas foram executadas há poucos dias, tão vivo o tom avermelhado se apresenta.
Muitos lagartos estão pintados de maneira realista, sem estilizações, inclusive alguns apresentando curiosas caudas bipartidas, algo natural entre os répteis. Outros desenhos são sóis radiados perifericamente, algumas figuras humanas estilizadas, linhas de pontilhados, riscas de contagem, quadrados, ziguezagues, cruzes inscritas noutras, arabescos diversos, etc.
LAGARTOS PINTADOS EM ABRIGOS DA LAPA
CAUDA BIPARTIDA OU DESENHOS SOBREPOSTOS
Deveras curiosas são figuras representadas por círculos encimados por algo como uma barca, sem dúvida uma estilização solar, a antiga Barca-Solar, o Deus-Sol das antigas civilizações brasílicas e do Velho Mundo. Tais figuras também são registradas em vários sítios arqueológicos do Piauí, como no Arco do Covão (Caxingó) e suas formas sugestivas fariam o deleite dos ufólogos dado às suas semelhanças com alguns supostos engenhos extraterrestres apresentados ocasionalmente pela mídia ou por alguns pesquisadores não convencionais.
Um dos painéis decorados é um abrigo num paredão vertical, a uns seis metros de altura do solo. Para alcançá-lo, uma pequena escalada é requerida. Temos ali uma intensa variedade de sinais rupestres, com ótimo sentido de composição e harmonia gráfica, destacando-se lagartos, marcas de pés, aves estilizadas, figuras que parecem representar corpos celestes em movimento (talvez cometas), círculos concêntricos, motivos ramiformes, pontilhados e linhas onduladas paralelas, setas, quadrados e retângulos gradeados, etc.
O MAIS IMPRESSIONANTE PAINEL RUPESTRE DECORADO DA LAPA
Sem dúvida, as mensagens pré-históricas implícitas na cenografia parietal daquele abrigo eram por demais sagradas para os antigos sacerdotes (piagas) que as registraram em lugar de tão difícil e desestimulante acesso.
A imagem abaixo mostra pés, símbolo megalítico de significado desconhecido, mas provavelmente ligado a roteiros. Ao seu lado, pontilhados contínuos, quadrados e outros símbolos.
DETALHE DAS PINTURAS DA IMAGEM ANTERIOR
A próxima foto mostra vários símbolos. Dois do canto inferior direito nos chamam a atenção. O círculo com riscos superiores é uma representação clássica de um cometa, denotando a característica astronômica do painel. E o que podemos dizer do “dirigível” ao lado do cometa? É incrível como se parece com um objeto voador!
CENOGRAFIA ASTRONÔMICA DA LAPA
Por fim, a mais enigmática das imagens, que impressiona qualquer um que contemple esta arte pré-colombiana. Observem bem a imagem e tirem suas conclusões.
“OBJETOS VOADORES” (?) RETRATADOS NA LAPA.
Ainda da Lapa, curioso é o relevo residual conhecido localmente como Pigoita ou Picote. É um morro que se destaca de uns cem metros de altura a pique do solo, tendo como pano de fundo o azul celeste, se constituindo num belo e pitoresco portento da natureza.
AO FUNDO DA IMAGEM O MORRO CONHECIDO COMO PIGOITA
No alto da Pigoita há uma caverna com uma estreita abertura na rocha, suficiente para a passagem de um homem de pequeno porte, e que dá acesso a uma escura necrópole, segundo entendemos de nossos informantes. Um dos nossos guias nos informou que até tempos atrás havia nesta caverna ossadas humanas de antigos indígenas. Posteriormente, após a visita de “alpinistas” alemães, as ossadas teriam desaparecido. Dizem que partes destas terras são da Igreja Católica de Pedro II, controlada por alemães. A Pigoita provavelmente foi um santuário pré-cristão, onde eram inumados os maiorais dos povos da região.