Em 18 de fevereiro de 2023 participei de uma expedição para conhecer as localidades Lapa e Salobro, na zona rural da cidade de Pedro II – PI.
Em um dos painéis visitados na localidade Lapa, no grandioso bloco rochoso conhecido como “Pedra da Máscara”, entre centenas de pinturas, gostaria de destacar 3, de características semelhantes e que me chamaram a atenção pelo seu formato.
As pinturas do painel, no geral apresentam características que as descrevem como da Tradição Agreste, de acordo com (1, 2) as pinturas da Tradição Agreste apresentam figuras em dimensões graúdas, com técnica gráfica e riqueza temática não tão apuradas. Destacam-se imagens de seres estáticos ou com pouco movimento. Ocorrendo, entre outras, figuras antropomórficas, zoomórficas, carimbos de mãos e grafismos puros em vermelho e alguns tons de amarelo. Com datações consideradas a partir de 2 mil anos. Sobre os grafismos puros, em (3) é dito que são representações rupestres que não permitem o reconhecimento cognitivo direto, sendo normalmente referenciadas também como figuras geométricas ou abstratas (3).
Os “objetos alados”
As pinturas que eu gostaria de destacar aqui, são 3 representações bem semelhantes, ficam a cerca de 4 a 5 metros de altura e tem dimensões a partir de pelo menos 30 X 30 cm. Conceitualmente tratam-se de grafismos puros, pois são imagens abstratas. O interessante é que as suas formas remetem a objetos alados, como se estivessem planando.
A imaginação é o limite e a prospecção de significados a partir dessas formas é só um pequeno exemplo do mundo de suposições que estão registrados nos painéis rupestres espalhados pelo mundo.
Referências consultadas: 1 – CAVALCANTE, L, C, D. Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí, Brasil: biodiversidade, arqueologia e conservação de arte rupestre. MNEME – Revista de Humanidades – ISSN 1518-3304, 2013. Disponível em:https://periodicos.ufrn.br/mneme/article/view/1708/4145. Acesso em: set/2022. 2 – FILHO, S, L, L., REIS, S. Cenografia emblemática da tradição São Francisco nas pinas rupestres de Lagoa do Mari, em Sento Sé – Ba. Rupestre WEB – Brasil,2015. Disponível em: http://www.rupestreweb. info/lagoamari.html. Acesso em: set/2022. 3 – PESSIS, A.; CISNEIROS, D; MUTZENBERG, D. 2018. Identidades Gráficas nos Registros Rupestres do Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil. FUMDHAMentos, v. XV, p. 26-48, 2018.
F Gerson Meneses é natural de Piracuruca – PI, professor de informática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFPI / Campus Parnaíba – Piauí; Pós-Doutorando em Arqueologia; Doutor em Biotecnologia; Mestre em Ciência da Computação; Especialista em Banco de Dados e em Análise de Sistemas; Bacharel em Ciência da Computação; Pesquisador em Computação Aplicada, destaque para pesquisas na área de Computação Visual com temas voltados para a Neurociência Computacional, onde estuda padrões em imagens do cérebro e Arqueologia Computacional, com estudos destinados ao realce, segmentação e vetorização de imagens de arte rupestre.
Escritor e poeta, colaborador do impresso "O Piagui" e de várias coletâneas, entre elas o "Almanaque da Parnaíba" e a série "Piauí em Letras".
Autor de várias obras, destaque para o livro "Ensaio histórico e genealógico dos Meneses da Piracuruca" (2022).
É idealizador e mantenedor do Portal Piracuruca (www.portalpiracuruca.com) e do periódico impresso Revista Ateneu (ISSN 2764-0701). Ambos os projetos existentes desde 1999 com a mesma finalidade, que é divulgar a exuberância de cenários, a cultura, a história, os mistérios, a pré-história, as lendas e as curiosidades do Piauí.
Desenvolve desde 2018 o Projeto Artes do Bitorocaia (www.portalpiracuruca.com/artes-do-bitorocaia/) que tem por objetivo o mapeamento e catalogação dos sítios arqueológicos com registros rupestres existentes na área da bacia do Rio Piracuruca.