As localidades Lapa e Salobro são amostras da riqueza natural e arqueológica da cidade de Pedro II – PI

Localizada na Serra dos Matões, na mesorregião do centro-norte piauiense e fazendo divisa com o estado do Ceará, a cidade de Pedro II está distante cerca de 206 km da capital do Piauí, Teresina. É uma cidade privilegiada pelo seu clima ameno e por possuir belíssimas paisagens naturais.

Em tempo: entre as belezas naturais da cidade, destacam-se: o Morro do Gritador e cachoeiras como a do Salto Liso e a do Urubu Rei. Pedro II também é conhecida pela extração de pedras semipreciosas, como as minas de opalas. Além disso, tem um rico artesanato à base de fios de algodão, um casario colonial bastante preservado e o tradicional Festival de Inverno, dentre outra atrações.

Uma outra riqueza da cidade de Pedro II são os diversos sítios arqueológicos com pinturas rupestres existentes dentro da área geográfica do município. De acordo com o Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos CNSA / SGPA / IPHAN, são 17, os sítios já catalogados. Em 2013, tive a oportunidade de conhecer o Sítio Torres e agora recente (18 de fevereiro de 2023), 10 anos depois voltei à cidade e tive a oportunidade de conhecer mais duas localidades que além de sítios com pinturas rupestres, apresentam extraordinárias belezas naturais e um grande potencial para o turismo.

Nessa matéria, falarei da minha visita às localidades Lapa e Salobro.

O grupo que participou da trilha contou com 8 pessoas, a maioria professores. A partir da esquerda: Osiel (curiólogo), Professora Dinara, Índio Apache, Professora Ana Karolina, Professor Cleandro, Nonato Araújo, Professor Joaquim e F Gerson Meneses.

Localidade Lapa:

Lapa fica a cerca de 53 km distante da sede do município de Pedro II. Metade do percurso é pela rodovia BR 404 e o restante é por uma estrada vicinal.

A localidade Lapa tem uma comunidade com 75 famílias e fica bem próxima à divisa com o estado do Ceará, é uma região rodeada por serras e com uma grande abundância de afloramentos geológicos muitos deles com pinturas rupestres.

Preparativos para a trilha a partir da residência do guia Lucas Borges (primeiro à direita sentado na cadeira).
A confecção de redes de pesca é uma tradição na localidade. Aqui o Sr. Militão e a jovem Taís realizam a arte que passa de uma geração a outra.
Os paredões rochosos estão presentes por toda a comunidade, inclusive bem próximos às residências.
É comum na comunidade uma interação entre residências e grandes paredões de rocha.
O cemitério da comunidade, por trás os paredões rochosos.

Na trilha também é possível contemplar algumas aves comuns na região.

Um casal de Galo de Campina.
A Gralha Cançã (o nosso Cancão).

O primeiro objetivo na trilha foi chegar até o Morro do Picote, um mirante natural que a partir dele tem-se uma ampla visão de toda a região.

Morro do Picote, detalhe para um cruzeiro no cume da elevação.
Curiosas formações geológicas são encontradas na trilha.
O cenário vai ficando cada vez mais bonito, na medida que se vai subindo rumo ao Morro do Picote.
Detalhes da subida rumo ao Morro do Picote.
Observação da paisagem a partir do Morro do Picote.
Do alto é possível observar, por exemplo, a Serra da Cangalha, localizada já bem perto da sede do município de Pedro II.

Ao descer a Serra do Picote, é hora de conhecermos dois dos sítios com pinturas rupestres existentes no lugar, primeiro fomos ao lugar conhecido como Pedra da Máscara.

O local tem esse nome devido os furos existentes em lados opostos do bloco rochoso, dão a ideia de olhos.
Um detalhe interessante é que dentro dos “olhos” da Pedra da Máscara, que ficam a uns 20 metros de altura, existem pinturas rupestres.
Registro de pinturas rupestres na base da Pedra da Máscara.
Um ilustre morador entre as fendas do paredão.
Pilões, a princípio eram utilizados para a mistura do composto da tinta utilizada nas pinturas.

O painel rupestre da Pedra da Máscara tem muitas pinturas, várias delas com sobreposições.

Pinturas rupestres da Pedra da Máscara, no final dessa matéria tem o link para o Sítio a partir da base do Projeto Artes do Bitorocaia.

Seguindo a partir da Pedra da Máscara, fomos visitar um outro painel com pinturas, a Pedra Ferrada.

Registro de pinturas da Pedra Ferrada.

É um grande abrigo sob rocha e painel rupestre que apresenta várias pinturas, muitas sobreposições, algumas pinturas com um certo grau de deterioração.

Pinturas rupestres da Pedra Ferrada, no final dessa matéria tem o link para o Sítio a partir da base do Projeto Artes do Bitorocaia.

Contato para visitações na localidade Lapa: Guia Lucas Borges (86) 98172-8865.


Localidade Salobro:

Salobro fica a cerca de 15 km distante da sede do município de Pedro II. Parte do percurso é pela rodovia BR 404 e o restante é por uma estrada vicinal.

Salobro é um assentamento com 20 famílias que começam a se estruturar para receber os visitantes. Numa breve trilha pelo local é possível ver um belo mirante e sítios arqueológicos com pinturas da Tradição Nordeste. Esse tipo de grafismo, que se assemelha muito com os encontrados da Serra da Capivara, não são comuns na região norte do Piauí.

Contemplação da paisagem a partir do mirante da Localidade Salobro.
A partir do mirante é possível ter uma ampla visão dos altiplanos da região de Pedro II.
O mirante da localidade Salobro.

A partir do mirante, seguimos em trilha até chegar ao sítio arqueológico da Serra Alta, que se destaca por apresentar pinturas com traços típicos dos caracterizados como da Tradição Nordeste.

Observação das pinturas no sítio arqueológico da Serra Alta.
Maribondos nos painéis com pinturas, exige o cuidado dos observadores.
Nos paredões da Serra Alta.

Em tempo: as pinturas da Tradição Nordeste são as mais antigas do Nordeste Brasileiro. São figuras humanas, de animais e, em uma menor quantidade, as de plantas. São pequenas, medindo entre 5 e 15 centímetros. Elas mostram cenas dinâmicas e uma grande variedade de temas como: a luta, a caça, a dança e o sexo.

Pinturas rupestres da Serra Alta, no final dessa matéria tem o link para o Sítio a partir da base do Projeto Artes do Bitorocaia.

Contato para visitações na localidade Salobro: Guias: Toinho (86) 99482-6268 e Levi Luis (86) 99413-6834.


Em tempo: recomendações básicas ao visitar um sítio arqueológico com pinturas:

=> sempre seguir na trilha acompanhado por um guia,
=> não tocar nas pinturas,
=> não interferir no local, fazendo pichações,
=> não retirar material do local como rochas ou areia,
=> não colocar fogo próximo às pinturas e
=> não jogar lixo nas trilhas e nem nos sítios.


Os locais visitados: Lapa e Salobro, apresentam um grande potencial para o turismo de aventura e para a observação de pinturas. O que pode se observar de comum, além do potencial turístico ainda não explorado totalmente em ambos os lugares, é a mobilização da comunidade, que começa a despertar e vislumbrar que pode se usufruir dessa riqueza natural, promovendo o turismo de forma sustentável.


Links para os sítios visitados, material disponível na base do Projeto Artes do Bitorocaia:

Pedro II – PI – Pedra da Máscara – Lapa

Pedro II – PI – Pedra Ferrada – Lapa

Pedro II – PI – Serra Alta – Salobro