A furna da onça na Serra Negra foi o palco de um episódio macabro nas Sete Cidades do Piauí

A Serra Negra se destaca nas Sete Cidades do Piauí, não só pela sua grandiosidade, na verdade a sua exuberância é mais um importante adendo, que se somam aos olhos d’água e riachos que descem a serra em períodos chuvosos, à natureza abundante do entorno, às grutas e cavernas e aos vários sítios arqueológicos com pinturas rupestres que ocorrem nos seus paredões rochosos.

Vista da Serra Negra a partir do mirante do Quintal do Curiólogo. Destaque para uma rocha que lembra uma face (o guardião da Serra Negra). Foto: F Gerson Meneses.

Em meados de 2020, tive a oportunidade de trilhar por quase todo o perímetro da Serra Negra, ciceroneado pelo sempre disposto e profundo conhecedor da área Osiel Monteiro (Curiólogo). O objetivo da trilha foi mapear alguns dos sítios arqueológicos espalhados pela serra, para compor a base do Projeto Artes do Bitorocaia, principalmente no Recanto, Encosta e Pontal.

Natureza exuberante no entorno da Serra Negra. Olhos d’água emergem no topo da serra e alimentam os riachos da região.
Amostras de formações rochosas no entorno da Serra Negra.
Registro de pinturas rupestres nos sítios arqueológicos da Serra Negra (links para os sítios arqueológicos no final deste texto).

Além de tudo isto, a Serra Negra foi palco de um evento marcante para os moradores da região, antes da área tornar-se um Parque Nacional. Na época, ainda década de 1940, os moradores locais passaram a perceber um crescente desfalque no seu rebanho de suínos e principalmente de caprinos. A grande responsável por isto era uma caçadora implacável, uma grande onça sussuarana, conhecida como massaroca, que estava dizimando o rebanho da região.

A onça caprichosa, pelo puro extinto caçador, pegava as suas presas e levava para uma caverna no alto da Serra Negra. Após descobrirem essa rotina do animal, os moradores se reuniram para tentar acabar com o prejuízo que vinham sofrendo. Um dia, acompanhados de muitos cachorros, um grupo de moradores conseguiu encantoar o animal, fazendo com que a onça se afugentasse dentro da caverna.

Em tempo: Esta caverna foi estudada posteriormente e é considerada a maior do Parna Sete Cidades, com mais de 100 metros de extensão.

Ao perceberem os cachorros acuado o animal, os moradores se dirigiram até a entrada da caverna, chegando lá, perceberam que já havia tido luta da onça com os cachorros, alguns cachorros inclusive já haviam sido abatidos pela onça. Sabendo que a onça estava dentro da caverna, os moradores fecharam a entrada com pedra, a entrada dava em torno de 2 metros de altura por 20 de extensão. Deixaram só um pequeno orifício, suficiente para fazerem uma coivara com galhos para atear fogo.

Os restos da cerca de pedra ainda existe na entrada da caverna.

O fogo impregnou caverna a dentro e causou um desespero no animal, de longe se ouvia o barulho e pulos do grande felino que acabou morrendo asfixiado, sem poder sair, pois a entrada da caverna estava tampada. O fato ficou marcado em toda a região das localidades Vamos Vendo, Poção, Bananeira, Cigalha e outras em Piracuruca e assim, se deu o fim da grande onça caçadora. Ficaram os esturros do animal, que muitos ainda ouvem até nos dias de hoje. Para eles, nunca mais se viu uma onça tão grande e feroz pela região das Sete Cidades.

Links para os sítios arqueológicos da Serra Negra:

Parna Sete Cidades – Serra Negra – Encosta

Parna Sete Cidades – Serra Negra – Pontal

Parna Sete Cidades – Serra Negra – Recanto