Em uma certa noite, dessas onde se houve os sons da natureza, o caçador Raimundo Moraes dos Santos, conhecido na cidade de Castelo do Piauí como Raimundo Soldador, estava sozinho em uma “Espera” na Baixa do Urubu, ali nas redondezas da antiga fazenda Dantas.
Já era madrugada e junto dela veio uma forte cruviana. Raimundo se protegia na sua rede armada nos galhos de uma árvore alta.
Passadas algumas horas, um barulho estranho vindo da mata chamou a atenção de nosso personagem, era uma espécie de perseguição de um homem montado à cavalo.
Corajoso o caçador desceu da árvore e foi ver o que era quando derrepente se aproximou um homem baixo, de aparência estranha e com um chapéu na cabeça, parecia ser também um caçador, mais que jamais havia sido visto por aquelas bandas.
Destemido, Raimundo Soldador perguntou o que o homem queria. Qual não foi a surpresa, o homem baixo, de chapéu e de aparência estranha era o Caipora, que tem parentesco com o Curipira e sua missão é a proteção das florestas e animais.
De acordo com a lenda, ele ataca os caçadores que não cumprem os acordos de caça feitos com ele, que não era o caso de Raimundo.
De acordo com a lenda, o Caipora persegue os caçadores que caçam além das necessidades. Ele usa todos seus conhecimentos sobre a vida na floresta para fazer armadilhas para os caçadores, destruir suas armas e bater nos cães de caça. O caipora assusta os caçadores, reproduzindo sons da floresta.
Uma forma de escapar da ação do Caipora é oferecer-lhe fumo de corda, e os caçadores sempre deixam fumos em troncos de árvores. Raimundo não havia deixado no lugar de costume e sim em um galho.
Quando avisado onde estava o que procurava, o Caipora pegou o fumo e sumiu mata a dentro. Depois do encontro inesperado Raimundo ficou incrédulo, não acreditando que estava cara a cara com o Caipora.
A caça praticada por Raimundo Soldador era para o sustento de sua família, talvez tenha sido por isso que o protetor das florestas não tenha feito nada com o caçador.