Um homem múltiplo: A trajetória de Gerson Boson o piracuruquense que fez história em Minas Gerais

A Revista Ateneu deste ano de 2021 trará uma matéria sobre Pedro de Britto Passos. Coronel Pedro de Britto, nos ‘‘Passos’’ da história, esse é o título do texto escrito pelo historiador ibiapabano João Bosco Gaspar. Fiz uma pequena contribuição na matéria, destacando alguns descendentes do velho Coronel, alguns personagens que adquiriram notável relevância em suas áreas de atuação, destaquei entre tantos: Gervásio de Brito Passos, Anísio Brito, Hermínio Conde, Hugo Machado e Gerson Boson. Sobre este último, resolvi me estender na pesquisa e deixar aqui registrado algumas notas.

Gerson de Brito Melo Boson (1).

Gerson de Brito Melo Boson, nasceu em 27 de novembro de 1914 em Piracuruca – Piauí e faleceu em 28 de julho de 2001 em Belo Horizonte – MG. Foram quase 87 anos divididos entre o Piauí e Minas Gerais, no entanto, foi em terras mineiras que ele deixou a maior parte do seu notável legado.

Sobre Gerson Boson, em (1) é dito que:

Nascido em Piracuruca (PI) em 1914, fez os primeiros estudos em Teresina, capital do Piauí. Concluiu os estudos secundários em 1937. Bacharelou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais (UMG), em 1944. Lecionou no Colégio Padre Machado, de Belo Horizonte, e voltou ao estado natal em 1947. No Piauí, permaneceu no magistério oficial do estado até 1949. Em 1951, retornou a Belo Horizonte. Um ano depois, foi nomeado Inspetor Federal de Ensino do Ministério da Educação. Lecionou nas faculdades de Filosofia e de Ciências Econômicas da UMG. Em 1952, passou em concurso e ingressou também na Faculdade de Direito da Instituição. Foi nomeado reitor em 1967. Antes de ocupar a reitoria, foi juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, advogado geral e secretário de Educação do governo do Estado.

Gerson Boson foi reitor da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG entre os anos de 1967 e 1969, quando teve seu mandado interrompido. Sobre isso, em (2) consta que: “Pela defesa dos alunos, o reitor Gérson de Britto Mello Boson, que comandou a universidade de fevereiro de 1967 a outubro de 1969, foi cassado pelo regime militar”.

Professores da Faculdade de Direito da então Universidade de Minas Gerais, registro da década de 1950. Em destaque, Gerson Boson “marcado com o número 21” (3).

Sua atuação acadêmica também se estendeu para a Universidade Estadual de Minas Gerais – UEMG, quando também exerceu o cargo de reitor.

Autor de obras sobre Direito Internacional, graduou-se em Direito pela UFMG e trilhou brilhante carreira acadêmica. Foi o primeiro reitor pro tempore da UEMG, tendo sido designado pelo então governador Newton Cardoso, em dezembro de 1990, e nomeado em ato realizado em pelo mesmo governador, em janeiro de 1991. Prosseguiu no cargo até março de 1991. Foi designado e nomeado para um segundo período como reitor da UEMG, em 1999. Mandato que foi abreviado em função de seu falecimento, em 2001. Sua experiência acadêmica e jurídica o alçaram também à esfera administrativa: foi duas vezes secretário de Minas (4).

Quadro de Gerson Boson, exposto na galeria de reitores da UEMG (4).

Em 2014, a Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em uma Reunião Especial de Plenário, homenageou o centenário de nascimento do professor Gerson de Britto Mello Boson. A viúva do professor, Maria Otília Lopes Boson e a filha Patrícia Boson, participaram da cerimônia e receberam uma placa alusiva à homenagem (5). Sobre o homenageado, é dito que:

O catedrático de Direito Internacional Público da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi um dos pioneiros, no Brasil, dos estudos e das pesquisas de Constitucionalização do Direito Internacional e Internacionalização do Direito Constitucional.
De acordo com Patrícia, seu pai era um ‘homem múltiplo’, ao ser filósofo, escritor, professor, advogado, entre outros. ‘Gerson era também um amante da natureza. Era um homem moderno e um humanista, que defendia com vigor a liberdade’, destacou. Segundo Patrícia, de todos os títulos recebidos, ‘Gerson gostava, mesmo, era o de professor, tarefa que exerceu com maestria até os seus últimos dias’ .
Formou-se em Direito em 1944. Lecionou nas faculdades de Filosofia e de Ciências Econômicas da universidade mineira. Em 1952, defendeu tese para a cátedra de Direito Internacional Público, da então Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais (UMG), futura UFMG, passando a integrar seu quadro de docentes.
O homenageado também foi professor titular de Filosofia do Direito e de Direito Internacional Público na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Entre outras atividades acadêmicas, foi membro da Academia Mineira de Letras, da Sociedade Brasileira de Direito Internacional, do Instituto Hispano-Luso-Americano de Direito Internacional, da International Law Association, da Asociación Argentina de Derecho Internacional e do Instituto Histórico de Minas Gerais.
O acadêmico exerceu cargos públicos de relevância como juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, advogado geral do Estado, secretário de Estado da Educação, reitor da UFMG, secretário de Estado da Casa Civil do Governo de Minas, dentre outros. Gerson Boson contribuiu ainda para a consolidação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Minas, atuando como conselheiro federal da entidade e sendo o idealizador, fundador e primeiro diretor da Escola Superior de Advocacia da OAB/MG (5).

Pela sua importância no meio jurídico, a Associação dos Advogados de Minas Gerais, concede a Medalha do Mérito Jurídico “Prof. Gerson de Brito Mello Boson”.

Magistrado, jurista, professor e Doutor em Direito, desde muito jovem radicou-se em Belo Horizonte, onde realizou toda sua vida profissional e cultural. Foi Juiz do Tribunal Regional Eleitoral, Procurador-geral do Estado, membro do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, cofundador da Academia Mineira de Direito, Educador emérito, Professor de Filosofia, Direito e Política Internacional e Direito Internacional Público, Secretário de Educação, Reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, Membro do Conselho Estadual de Educação. Doutor Honoris Causa pela Universidade de Alfenas e autor das seguintes obras: Monismo Jurídico e Soberania, O Homem Como Sujeito de Direito Internacional, Internacionalização dos Direitos do Homem, Da Realidade e Hierarquia de Valores, Versão Axiológica da Cultura Internacional (6).

Gerson de Brito Melo Boson, na galeria de ex diretores da Escola Superior de Advocacia da OAB/MG (6).

A ascendência de Gerson de Brito Melo Boson

Gerson Boson, era filho de Eugenilino Boson Dias e de Carlota Melo de Britto Boson. Eugenilino e Carlota casaram-se em 15 de dezembro de 1910, conforme documento abaixo:

Registro de Casamento dos pais de Gerson Boson (7).

Gerson Boson, nasceu em Piracuruca, no dia 27 de novembro de 1914, conforme registro a seguir:

Registro de nascimento de Gerson de Brito Melo Boson (7).

Fragmento da árvore genealógica que mostra a ascendência de Gerson de Brito Melo Boson.

Ascendência de Gerson Brito Melo Boson, destaque para a ramificação paterna (verde) dos Boson e a ramificação materna (amarela) dos Brito.

Família Boson

O pai de Gerson Boson, Eugenilino Boson Dias, nasceu na Villa de Caracol – PI, em 10 de outubro de 1890, era filho de Gustavo Dias Soares e de Briolanja Constantina Boson e Lima, seus avôs eram respectivamente: João Dias Soares (por parte de pai) e Gerônimo Constantino Nogueira Boson de Sousa Lima (por parte de mãe), não encontrei registros dos nomes das avós de Eugenilino (7). Seu registro de nascimento é visto logo abaixo:

Registro de nascimento, redigido na cidade de Floriano-PI, onde Eugenilino afirma ter nascido na então Villa de Caracol, estado do Piauí (7).

Conforme consta no documento logo acima, Eugenilino Boson Dias era advogado. Ele também chegou a ser Sacristão da Paróquia de Nossa Senhora do Carmo em Piracuruca, conforme Almanak Laemmert, edições – 1922 e 1924 (8), além de moderador do Jornal Correio do Sul, de Floriano-PI (9).

No Almanak Laemmert, edições – 1922 e 1924, Eugenilino Boson Dias consta como Sacristão da Paróquia de Nossa Senhora do Carmo em Piracuruca.

Eugenilino faleceu em 27 de junho de 1956, aos 66 anos em Belo Horizonte – MG. Portanto, ao que consta, Eugenilino é o tronco familiar dos Boson de Piracuruca.

Família Brito

A mãe de Gerson Boson, Carlota Melo de Britto Boson, era filha de Antônio de Morais Brito e de Geracinda Rosa de Melo, ela era neta paterna do Senador Gervásio de Britto Passos, portanto, bisneta de Pedro de Britto Passos. Gerson Boson é trineto de Pedro de Britto Passos que é considerado um dos homens mais importantes da história da Piracuruca.

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Fontes consultadas:
1 – https://www.ufmg.br/80anos/reitores.html
2 – https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/golpe-militar-50-anos/2014/03/16/noticias-internas-golpe-militar-50-anos,511649/universitarios-lideraram-um-dos-principais-focos-de-combate-a-ditadura-em-bh.shtml
3 – https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Direito_UFMG_-_d%C3%A9c._50_-_Professores_e_Samuel.jpg
4 – http://www.2018.uemg.br/noticia_detalhe.php?id=10627
5 – https://g37.com.br/c/estadual/centenario-do-professor-gerson-boson-e-comemorado-na-almg
6 – http://www.esamg.org.br/exdiretores
7 – https://www.familysearch.org/
8 – http://memoria.bn.br/
9 – https://portaldefloriano.blogspot.com/2012/09/floriano-estado-do-piaui-brasil-parte-ix.html