A valorização e a estruturação destes locais deve ser uma política da cidade, uma lei municipal, aí onde entra a responsabilidade do poder legislativo. Criar leis voltadas para o patrimônio arqueológico de Piracuruca é algo urgente e é uma ação que deve ser integrada com secretarias de meio ambiente, obras, agricultura e principalmente cultura e educação.
O avanço do centro urbano da cidade de Piracuruca é evidente e é um processo natural e necessário, a cidade cresce e se expande ocupando áreas que antes eram mananciais, florestas e até sítios arqueológicos. O lado ruim é que isto está sendo feito sem nenhum planejamento, preocupação ou cuidado com estes recursos naturais e arqueológicos.
Com relação aos Sítios Arqueológicos, eu publiquei ainda em 2014 aqui no Portal Piracuruca uma nota intitulada: “Crescimento urbano de Piracuruca se mostra como uma ameaça à preservação de sítios arqueológicos”. A nota (link no final desse texto) já demonstrava a minha preocupação sobre o assunto, principalmente com cinco sítios que na época já tinham sido ou estavam bem próximos de serem urbanizados. São eles: Limoeiro, Olho D’água do Padre, Baixa do Jatobá, Baixa da Teresa e ainda um painel com pinturas localizado no Parque Dona Princesa (Nova Piracuruca). (links para os sítios no final desse texto).
Tirando o último, que fica em um Parque, com relação aos demais não foi feito nenhum trabalho por parte das autoridades públicas e órgãos de defesa do patrimônio, que leve à preservação destes locais e nem nenhum indicativo de que estes sítios com pinturas seriam incorporados de forma ordenada ao crescimento urbano da cidade.
A maior prova disto foi o Sítio Arqueológico do Olho D’água do Padre, já praticamente urbanizado e que pelo seu local estratégico, parte da área deveria ter sido transformada em um Parque Municipal. Ainda sobre esta questão, eu voltei a escrever na Revista Ateneu 2 (2020) com a matéria “A indiferença com o nosso patrimônio arqueológico” e nela eu citei outros sítios com pinturas que apresentam sérios problemas como o Melancias e o Cantinho. (links para os sítios no final desse texto).
Bom, o tempo vai passando e mais um sitio agora está prestes a se tornar exposto. Com a nova estrada da Palmeira, que será uma rota alternativa que levará ao município de São José do Divino (uma obra necessária e que resultará em grandes benefícios para a comunidade), o Sítio Arqueológico da Baixa da Teresa ficará a menos de 200 metros da margem da nova rodovia.
É um terreno particular, mas nada impede de haver um esforço em conjunto no sentido de deixar a área onde ocorrem as pinturas protegidas e até mesmo aberto para visitações de forma ordenada, gerando renda para a comunidade do entorno.
A valorização e a estruturação destes locais deve ser uma política da cidade, uma lei municipal, aí onde entra a responsabilidade do poder legislativo. Criar leis voltadas para o patrimônio arqueológico de Piracuruca é algo urgente e é uma ação que deve ser integrada com secretarias de meio ambiente, obras, agricultura e principalmente cultura e educação.
Inclusive, no ensino municipal, poderia ser criada uma matéria/disciplina que tratasse sobre Preservação do Patrimônio Arqueológico e fosse ensinada para as nossas crianças, para já crescerem com esta conscientização.
Afinal de contas, serão as crianças de hoje, que irão em um futuro próximo fazer as suas escolhas, preferir valorizar e se usufruir daqueles bens ou tê-los como simples pedras de alicerces em suas casas. Se acontecer a última opção, os culpados serão aqueles que poderiam fazer alguma coisa hoje e não fazem.
Links:
Crescimento urbano de Piracuruca se mostra como uma ameaça à preservação de sítios arqueológicos
Pintura rupestre no Sítio Baixa da Teresa apresenta traços que lembram um rosto