A tragédia do Albertão em 1973

Desta tragédia fui testemunha ocular. Admirador fervoroso do Fluminense e do nosso representante Tiradentes fui à festa para a inauguração do Estádio Albertão em 26 de agosto de 1973, em Teresina-PI. Estavam jogando Fluminense do Rio versus Tiradentes do Piauí, no primeiro jogo pelo campeonato brasileiro daquele ano. 

Havia mais de 30.000 pessoas superlotando um estádio inacabado. Havia gente de todos os rincões do Piauí e até do Maranhão, para assistir este evento extraordinário. As cadeiras especiais estavam repletas de autoridades estaduais e nacionais. O mais orgulhoso deles era o então Governador Alberto Silva (1918-2009), de quem o Estádio tomava o nome.


VISTA AÉREA DO ESTADO CERCA DE DUAS HORAS ANTES DO INÍCIO DA FATÍDICA PARTIDA. ACERVO: SEVERINO FILHO (BUIM)

 

Ainda no primeiro tempo, por volta de 25 minutos de jogo, um avião teria sobrevoado o Estádio. É possível que o barulho do avião, manifestado em forma de vibrações na estrutura de concreto tenha apavorado algum torcedor das gerais que gritou que o Estádio estava caindo. Foi uma loucura daquela multidão correndo para todos os lados, se pisoteando. Os que estavam em nível mais baixo, separados do fosso apenas por uma grade metálica, foram pressionados pela avalanche humana, arrebentando a grade e caíram no fosso com profundidade de 3 metros, muitos se ferindo gravemente e muitos morrendo. 


OBSERVEM QUE MUITAS PESSOAS CAÍRAM NO FOSSO, ENQUANTO OUTRAS PROCURAM RETIRÁ-LAS


O jogo foi interrompido por mais de uma hora, sendo prestado socorro as vítimas (inclusive pelos jogadores). Três Hospitais do estado, Hospital Getúlio Vargas, CASAMATER e SAMDU, ficaram lotados na tentativa de atender a todos os envolvidos. Logo apos constatou-se que o avião que sobrevoou o Albertão, seria o que trazia o presidente da CBD (Confederação Brasileira de Desportos), João Havelange (N.1916).


TOMADA DO PÂNICO QUE SE APOSSOU NAS GERAIS.


Depois a partida recomeçou, muito sem ânimo, terminando empatado em zero a zero. Eu estava do outro lado, nas arquibancadas, frontalmente à tragédia do outro lado nas gerais e vi uma “cascata humana” mergulhando para dentro do fosso. Oficialmente oito mortos e centenas de feridos. Mas sabe-se que talvez as autoridades suprimiram o número real de mortos, para tentar minimizar a tragédia. Talvez tenham superado vinte pessoas. 


FLAGRANTE DO DESESPERO. PESSOAS CAEM OU PULAM NO FOSSO. OBSERVEM O HOMEM DE CALÇA ESCURA E CAMISA CLARA EM PLENA QUEDA.

 

O trágico ocorrido foi assunto de manchetes de jornais não apenas estaduais, mas de publicações do Brasil inteiro.

 
MANCHETES DO JORNAL DE TERESINA “O DIA” RELATANDO A INAUGURAÇÃO E A TRAGÉDIA. FOTO: NÁYRA MACÊDO



NOTÍCIAS DA TRAGÉDIA NO JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO acervo.estadao.com.br 


Quanto ao torcedor que teria gritado que o Estádio estava desabando, o que causou a tragédia, bem…Nunca se soube quem o fez.

Referências

Silva, F.D.P. da, Rodrigues, D & Lima, N. ESPECIAL – 40 anos da tragédia do Albertão. Editado em 14/09/2013. Acessado em http://www.ufpi.br/jornalismo/materias/index/mostrar/id/10345