João Martiniano Fontenelle e o fatídico 9 de setembro de 1878, na Vila da Piracuruca

Um triste episódio, infelizmente marcou de forma trágica a trajetória desse grande homem, no entanto, há de se destacar, a grande contribuição que ele deu para a Vila da Piracuruca, inclusive sendo um dos maiores genitores da grande e valorosa Família Fontenelle que tanto engrandece o nosso município.

A década de 1870 é referenciada pelo jornalista e cineasta piracuruquense Jureni Machado Bitencourt (3/9/1942 – 27/4/1999), como um período de grandes perdas de personalidades importantes de Piracuruca. No capítulo “MORREM OS GRANDES CORONÉIS”, a partir da página 117, Jureni destaca em seu livro “Apontamentos Históricos da Piracuruca”, três mortes que causaram grandes comoções para o povo da então vila de Nossa Senhora do Carmo da Piracuruca – Província do Piauí.

De acordo com (1):

A primeira grande comoção foi a morte em 17 de março de 1872, do então Presidente da Província do Piauí, o Tenente Coronel José Amaro Machado.
A segunda foi a morte do grande patriarca dos Brito, Pedro de Brito Passos, que morreu em 24 de julho de 1875.
A terceira ocorreu em 9 de setembro de 1878, pela divulgação da notícia trágica envolvendo o Ten. Coronel João Martiniano Fontenelle e a sua esposa D. Joaquina Alves de Moraes Fontenelle.

Sobre esse último caso de 1878, mostrarei aqui os principais apontamentos pesquisados por mim até o momento. Esse artigo portanto, tem o objetivo de reunir algumas das fontes que tratam desse delicado assunto.

Ascendência de João Martiniano Fontenelle


Retrato de João Martiniano Fontenelle

Inicialmente, voltamos no tempo para registrar a ascendência de João Martiniano Fontenelle. De acordo com o “Grande Livro da Família Fontenelle” de Luiz Carlos de Carvalho – 2009, João Martiniano é o terceiro filho de João Damasceno Fontenelle (6/5/1788 – 5/6/1874), por sua vez João Damasceno é o sexto filho de Jean Pierre de Fontenelle (15/3/1720 – 8/12/1809), o francês Jean se tornou o patriarca da grande família Fontenelle no Brasil.

Segundo (2):

Tudo começou em 1750, quando o português Manoel Antônio Gonçalves contratou uma equipe de mineradores franceses para explorar a já famosa Gruta de Ubajara, que nesta época pertencia ao município de Viçosa-Ceará.
Nesta equipe, dentre outros, veio o engenheiro de minas Jean de Fontenelle.
A equipe, após constatar a não existência de ouro ou prata na gruta de Ubajara, retornou para a França, porém Jean Fontenelle permaneceu na região e terminou casando em 1766 com Umbelina Maria de Jesus, filha mais velha de Manoel Gonçalves, daí originou-se uma grande descendência que hoje se espalha pelo Brasil.


Imagem estilizada com o retrato de Jean Pierre Fontaneilles, copiado de (3), um desenho da matriz de Viçosa (4) e a lápide que aponta o local onde está sepultado Jean e sua esposa Umbelina.

Jean, que nasceu na cidade de Millau – França. Deixou de ser mineiro e dedicou-se à profissão de ourives em Viçosa-Ce, profissão esta que exerceu até morrer, em 8 de dezembro de 1809, sua esposa morreu exatamente no mesmo dia em 1820 e, coincidentemente, também em uma sexta-feira. Os dois estão sepultados na Matriz de Viçosa-Ceará (2,3).


Vista da cidade Millau, Departamento de Aveyron, Região de Languedoc-Roussilon-Midi-Pyrénées (hoje Occitanie) – França, onde nasceu Jean Pierre Fontaneilles (filho), o pai dos Fontenelle brasileiros (3).


Abadia de Fontenelle – França (5) e Brasão dos Fontenelle (3).

O nome FONTANAILLES ou FONTANEILLES que foi aportuguesado para FONTANELLE, FONTENELLE e depois FONTENELLE e por último FONTENELE, conforme a história Francesa, vem de Fonte Nova.
A Abadia de Fontenelle foi criada por Jeanne Valois em 1337 e em sua volta formou-se uma comunidade chamada de Fontenelle, assim os moradores do local eram chamados de …de Fontenelle (2).

Sobre João Damasceno, pai de João Martiniano, sabe-se, de acordo com (6) que:

É um dos filhos de Jean Fontenelle de quem menos se fala, embora exista bastante documentação sobre ele e seus descentes. Casou com Francisca dos Reis no dia em 25 de março de 1806. Nasceu em 1788 em Viçosa e faleceu em 1874 em Piracuruca – Piauí, tendo sido sepultado no cemitério da Confraria de Nossa Senhora do Carmo.

Francisca do Reis, esposa de João Damasceno, era natural de Piracuruca (7), talvez daí tenha iniciado a aproximação entre os Fontenelle e a então Vila da Piracuruca. Ainda em (6), é afirmado que: “o melhor amigo de João Damasceno foi o Coronel Pedro de Brito Passos, morador da fazenda Chafariz, em Piracuruca e, sem dúvida, o homem mais rico do norte do Piauí, em seu tempo”.

A amizade era tamanha, que ainda segundo (6):

Quando nasceu Zeferina, filha de Pedro de Brito, o rico coronel se abalou de sua fazenda para Viçosa, levando a criança para ser batizada tendo como padrinho seu compadre João Damasceno. Quis o destino e o acordo dos compadres que ela viesse, posteriormente a casar-se com João Martiniano, filho de João Damasceno, ampliando o grau de amizade entre as famílias e fazendo com que se mudassem todos para a terra dos Irmãos Dantas. Graças a essa amizade e à sua boa instrução escolar, João Damasceno exerceu em Piracuruca vários cargos públicos, inclusive o de Juiz de Órfãos.

A ascensão de João Martiniano Fontenelle

Neto legítimo do grande patriarca Jean Fontenelle, João Martiniano, de acordo com (3): “transferiu-se desde moço para Piracuruca – Piauí”. Provavelmente isso aconteceu após o falecimento de sua primeira esposa Maria Ribeiro da Silva, com quem casou-se ainda em Viçosa – Ceará.

Em Piracuruca, casou-se pela segunda vez, dessa vez com a afilhada do seu pai, Zeferina Josefina da Conceição de Brito Passos, filha do Coronel Pedro de Brito Passos e Ana Maria Machado de Cerqueira (3, 6, 8). Cumprindo então o acordo feito entre os pais e compadres João Damasceno Fontenelle e Pedro de Brito Passos.

Segundo (3):

Após o casamento com Zeferina, Martiniano teve a sua posição elevada, econômica e politicamente. Foi Deputado Provincial e progrediu na pecuária, tornando-se abastado criador. Em 1848, mandou buscar seu pai e toda a sua família em Viçosa – Ceará. E todos os seus familiares galgaram posições de destaque na direção da vida pública de Piracuruca – Piauí.

De acordo com (6):

Foi graças à influência do sogro, coronel Pedro de Brito Passos, que João Martiniano amealhou razoável fortuna em negócios com gado e alcançou posição de destaque na vida da Província do Piauí, ocupando o cargo de Juiz Municipal e exercendo mandado de Deputado Provincial…Animado pelo sogro que queria ver povoado o deserto sertão de Piracuruca e a vila dotada de bons escrivães, João Martiniano trouxe de Granja e Viçosa, por volta do ano de 1848, um significativo contingente de pessoas de sua família, inclusive seus pais e muitos irmãos.

Tal afirmação é reforçada por (8):

Era um homem trabalhador e inteligente, com ajuda da família da mulher fez grande fortuna em negócio de gado, e, de Viçosa, trouxe os pais, os irmãos e todos mais tarde adquiriram condição financeira confortável. João Martiniano Fontanelle desfrutava de uma posição de prestígio e respeito, chegando a ocupar cargos de grande importância na Vila e na Província: Juiz Municipal e de Paz; como Deputado Provincial assumiu a Secretaria e a Presidência da casa.

Em 12 de outubro de 1863, Zeferina morreu jovem, de parto, aos 34 anos de idade (3, 8). O casal teve vários filhos (8). Não há informes de filhos do primeiro casamento, já com Zeferina, foram 9 filhos, são eles (3):
– João Pedro de Brito Fontenelle
– Carolina Maria Florência Fontenelle
– Silvino Cícero de Brito Fontenelle
– Cícero Nestor de Brito Fontenelle
– Zeferino Pedro de Brito Fontenelle
– Libânia Felisbela da Conceição Fontenelle
– Maria Madalena da Conceição Fontenelle
– Francisca Genuína da Conceição Fontenelle
– Julita Sérgia Benigna Fontenelle

Viúvo, também do segundo casamento, João Martiniano, casa-se pela terceira vez, dessa vez com Joaquina Alves de Morais, filha de João Alves da Costa e Maria Alves da Costa (3). Segundo (8), Joaquina era bem mais jovem do que João Martiniano, e tinha uma rara e encantadora beleza. Passou a ser conhecida por “Joaquina Voluntária”, na época, João Martiniano era recrutador de voluntários para a Guerra do Paraguai. Em (8), a autora, relata os rumores e suposições que envolvem esse “apelido” de Joaquina.


Registros da casa onde João Martiniano morou com Joaquina, foi nesse local onde se desencadeou a tragédia descrita a seguir.

Hoje a casa não existe mais, ficava de esquina com a Praça Irmãos Dantas, na extensão da Rua da Goela. A casa foi abandonada e posteriormente foi construída uma outra no local.
Colaboração: Thiago Alves (Piracuruca Túnel do Tempo).

A tragédia

No dia 09 de setembro de 1878, ocorreu um fato que culminou com a morte do casal (João Martiniano e Joaquina), comovendo os moradores da então Vila da Piracuruca – Piauí (3). Houve repercussão do fato até na capital do Estado, em razão de João Martiniano Fontanelle ter ocupado, por várias vezes, cargos importantes na política do Estado (8).

O jornal “O Semanário”, do ano de 1878, em seu número 84, aborda o acontecimento da forma como foi transcrito abaixo (8):

LAMENTÁVEL ACONTECIMENTO – Na villa de Piracuruca no dia 9 do corrente mez um lamentável acontecimento, que derramou a consternaçao no seio de todos os seus habitantes. O Coronel João Martiniano Fontenelle, ali residente, cidadão geralmente estimado por suas qualidades e elevada posição, assassinou a sua esposa, com um tiro de revólver! Não ficou aqui a catastrophe! Em seguida o infeliz, victima de uma alucinação momentanea ou que sabe? de cruciantes desgostos, voltou contra si a arma homicida. Não o attingiu, porém, a carga e então servindo-se de um punhal cravou-o profundamente na garganta. Do que lhe resultou imediatamente a morte. Surprehenida a população da villa pelo estaropido dos tiros, dirigiu-se para o posto d’onde partiram, e em chegando alli teve de presenciar horrorizada o quadro horrível de tamanho infortúnio! Não sabemos o que motivou esse acto de de desespero do infeliz coronel Fontenelle, mas a darmos créditos as versões que circulam teve elle por origem acerbos desgostos domésticos que o acabrunhavão. Lamentamos profundamente tão funesto acontecimento, e elevamos a Deus uma prece por alma do infeliz suicida.

Já o Jornal “A Época”, órgão do Partido Conservador do Piauí, na sua edição do dia 23 de setembro de 1878, pertinente ao fato, publicou a seguinte matéria, aqui transcrita pelo historiador tianguaense João Bosco Gaspar:

“Recolheu-se o coronel Fontanelle, na tarde d’aquelle dia pelas 7 horas, fechando todas as portas da sahida de sua casa; e dizem que começou uma forte alteração com sua senhora; porem isto não se ouvia em razão de estarem todas as portas fechadas.
Alguem, que passava pela rua, ouviu a detonação de um tiro, e em seguida a de outro. Quem ouviu chamou a attenção dos demais transeuntes, correndo logo a noticia de uma grande desgraça.
O povo força a porta e entra agglomerado, estacando diante de dois cadavares! Desfechou o finado o primeiro tiro na cabeça da mulher, que levou-a quasi toda com os miolos, o segundo em si; porem este resvalou para o lado do braço esquerdo, ferindo-o apenas. Então lançou elle mão de um punhal, com o qual atravessou a garganta, onde foi encontrado cravado (…)
Era o coronel Fontanelle maior de 60 anos, filho do Ceará, e um dos mais antigos e notaveis chefes conservadores d’esta província, onde residia desde sua mocidade.
Pelos seus grandes serviços e incontestavel merecimento fora condecorado com os habitos de Christo e da Rosa, sendo commandante supremo da guarda nacional de Piracuruca.
Em varias legislaturas teve assento na assembleia provincial. (…)
O Partido Conservador soffreu em suas fileiras um golpe profundo e o município de Piracuruca perdeu o homem que lhe deu maior impulso na senda do progresso moral e material. Aos filhos do finado e a todos seus parentes e nossos amigos enviamos sentidos pezames por uma perda tão sensível e uma desgraça tão lamentável”.


A tragédia foi destaque na primeira página do Jornal “A Época”, na sua edição do dia 23 de setembro de 1878.
Colaboração: João Bosco Gaspar.

As motivações para esse bárbaro episódio levam a sérias questões familiares e não cabe aqui nenhum tipo de julgamento. De fato, em (8) consta que: “Toda tragédia teve início algum tempo depois de casados…um dos filhos, do segundo matrimônio, entendeu de acabar com o casamento do pai…algum tempo depois, espalhou-se a conversa de que o velho Martiniano havia encontrado vários falsos bilhetes de amor nas janelas de sua casa, na cestinha de costura da mulher e que todos haviam sido colocados por um dos seus filhos…soma-se a isso, também o exagerado ciúme que Martiniano tinha de sua esposa.

Porém, a derrocada de João Martiniano Fontenelle não terminara aí, depois da sua morte. Em (1), consta que:

Não foi permitido ao casal o sepultamento no interior do cemitério. O padre Máximo Martins Ferreira, que presidiu os atos fúnebres religiosos explicou à sociedade de Piracuruca as proibições canônicas relativas aos suicidas. O impedimento patrocinado pelo padre Máximo Martins Ferreira ao sepultamento do Coronel João Martiniano Fontenelle no interior do cemitério produziu sérios ressentimentos familiares; o vigário passou a ser mal visto pelos que se julgavam ofendidos. O episódio terminou-se transformando num impasse político diante da incompreensão do gesto proibitivo do vigário que há anos vinha administrando as coisas da Igreja de Nossa Senhora do Carmo em Piracuruca.

Em (8), é ressaltado que:

João Martiniano Fontanelle e Padre Máximo Martins Ferreira, o vigário da Vila, pertenciam à cúpula do Partido Conservador. A polêmica transformou-se numa pendenga política e continuou por vários anos. O resultado da insatisfação resultou no afastamento do Padre Máximo do Partido Conservador e seu alinhamento ao Partido Liberal, onde estavam seus adversários.

De fato, o vigário Padre Máximo Martins Ferreira, mesmo não permitindo nenhum ritual religioso, deixou documentado o necrológio do casal e ressaltando que “…em 10 de setembro, foram sepultados fora do cemitério da vila….”(6).

Assim, sendo inicialmente sepultados na parte externa do cemitério, posteriormente, depois de larga questão entre a família e as autoridades eclesiásticas, foi realocado o muro do cemitério, envolvendo, com a expansão, o local das sepulturas (6).


Vista aérea do Cemitério Campo da Saudade nos dias atuais. Esse cemitério é propriedade da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, fica no prolongamento da Rua da Goela, hoje Rua João Martiniano Fontenelle.

Ainda de acordo com (6):

Tal providência, no entanto, não foi bastante para aplacar o clima de animosidade que estabelecera entre a família e o padre Máximo. Um dos que nunca aceitou essa decisão do padre, foi o irmão José Sérgio Fontenelle. Esse se envolveu em disputas com o padre Máximo, inclusive com agressões físicas, verbais, como a que ocorreu na manhã do dia 8 de abril de 1880 e que acabou na justiça com acusações de injúria, com ganho de causa para José Sérgio Fontenelle.

Além dos 9 filhos do segundo casamento, João Martiniano teve mais 2 filhos com Joaquina, são eles (3):
– Maria do Carmo de Morais Fontenelle (segundo algumas fontes, essa era filha legítima apenas de Joaquina)
– João Martiniano Fontenelle (mesmo nome do pai)

O inventário de João Martiniano e de sua esposa Joaquina Alves de Moraes Fontenelle, foi realizado em 26 de setembro de 1878, tendo como inventariante Silvino Cícero de Brito Fontenelle, filho do segundo matrimônio. As duas crianças de Joaquina foram habilitadas como herdeiras do casal e ficaram sob a tutela de Silvino Cícero. Na época, Maria do Carmo tinha 10 anos e João Martiniano (filho) tinha 6 anos (6).

As duas crianças herdaram grandes valores em dinheiro, jóias, animais, móveis, terras, casas, terrenos, engenhos, escravos, utencílios como: máquina de costura, violão e até uma espada. Destaque para uma casa na Fazenda Limoeiro, que foi herdada por o pequeno João Martiniano Fontenelle (filho) (6).

Ironicamente, hoje, a rua onde ficava a casa em que ocorreu o episódio, chama-se oficialmente de Rua João Martiniano Fontenelle (apesar de ser conhecida como Rua da Goela). Essa rua liga a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo, ao Cemitério Campo da Saudade, onde João Martiniano foi, a princípio, impedido de ser enterrado. No final dessa matéria tem um link para uma matéria sobre essa rua que é considerada a mais antiga de Piracuruca.

“O episódio, infelizmente marcou de forma trágica a trajetória desse grande homem, no entanto, há de se destacar, a grande contribuição que ele deu para a Vila da Piracuruca, inclusive sendo um dos maiores genitores da grande e valorosa Família Fontenelle que tanto engrandece o nosso município”.

Rua da Goela: O apogeu e a decadência da rua mais antiga de Piracuruca

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Fontes consultadas:
1 – Apontamentos Históricos da Piracuruca – Jureni Machado Bitencourt
2 – Grande Livro da Família Fontenelle – Luiz Carlos de Carvalho – 2009
3 – https://minhagenealogia-osfontenelle.blogspot.com/2011/01/
4 – https://www.wikiwand.com/pt/Vi%C3%A7osa_do_Cear%C3%A1
5 – http://hagiopedia.blogspot.com/2015_04_17_archive.html
6 – Três Séculos de Caminhada – Vicente Miranda
7 – https://www.geni.com/people/Francisca-dos-Santos-Reis/6000000079941846076
8 – Remexendo o Baú – Maria do Carmo Fortes de Britto